
A Baía de Guanabara, um dos cartões-postais mais emblemáticos do Brasil, enfrenta uma crise ambiental alarmante. Diariamente, cerca de 3 milhões de litros de chorume—líquido altamente tóxico proveniente da decomposição de resíduos sólidos—são despejados em suas águas, comprometendo a biodiversidade marinha e a saúde das comunidades ribeirinhas.
A Origem do Problema
O principal foco de contaminação é o antigo Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, desativado em 2012. Apesar de inativo, o local continua a produzir chorume em grande escala. Estudos apontam fissuras e rachaduras no aterro, permitindo o vazamento do líquido tóxico diretamente na baía e nos manguezais adjacentes.
Além de Gramacho, o Lixão de Itaóca, em São Gonçalo, contribui significativamente para a poluição. Estima-se que mais de 131 milhões de litros de chorume sejam despejados anualmente na Baía de Guanabara a partir desse local.
Impactos Ambientais e Sociais
A presença constante de chorume e outros poluentes transformou a baía em um dos sistemas costeiros mais contaminados do planeta. A biodiversidade local sofre com a mortandade de peixes e o desaparecimento de espécies como o boto-cinza, símbolo do Rio de Janeiro. Comunidades de pescadores artesanais, que dependem da baía para subsistência, enfrentam dificuldades crescentes devido à escassez de recursos pesqueiros.
Esforços de Despoluição
Desde 1991, diversos programas de despoluição foram implementados, incluindo parcerias internacionais e investimentos bilionários. No entanto, a má gestão e a falta de continuidade nas políticas públicas resultaram em avanços limitados.
Recentemente, a concessionária Águas do Rio iniciou ações para melhorar a balneabilidade da baía, evitando que 80 milhões de litros de água contaminada cheguem às praias da Zona Sul do Rio. Essas iniciativas têm mostrado resultados positivos, com o retorno de espécies marinhas e a melhoria na qualidade da água em áreas específicas.
Desafios Futuros
Especialistas estimam que a despoluição completa da Baía de Guanabara exigirá investimentos de até R$ 20 bilhões e um período mínimo de 25 anos . A complexidade do problema requer ações integradas entre governo, iniciativa privada e sociedade civil para garantir a recuperação sustentável desse ecossistema vital.