Crise em Gaza: profissionais de Saúde enfrentam gangues e conflitos por suprimentos de ajuda

Em Gaza, hospitais como o de Nasser, em Khan Younis, tornaram-se cenários de batalhas entre gangues armadas, milícias locais e forças do Hamas, todas disputando o controle de escassos suprimentos de ajuda humanitária. Recentemente, um paciente ferido em confrontos entre facções rivais foi levado ao hospital, apenas para que, minutos depois, um grupo armado invadisse o local, agredisse funcionários e trocasse tiros com outra facção, enquanto drones israelenses sobrevoavam a área. Esse episódio ilustra a crescente anarquia que assola Gaza após quase dois anos de conflito.

A escassez de alimentos e medicamentos, agravada por bloqueios e ataques aéreos, transformou itens como farinha em bens disputados por facções armadas e civis desesperados. A violência não poupa nem mesmo os trabalhadores humanitários; recentemente, um motorista de uma empresa contratada pela ONU foi morto durante um ataque a um comboio de ajuda em Deir Al-Balah. Além disso, organizações internacionais denunciam que grupos armados, apoiados por Israel, têm saqueado e desviado ajuda destinada à população.

Com mais de 56 mil mortos e milhões de deslocados desde o início do conflito em outubro de 2023, Gaza enfrenta uma crise humanitária sem precedentes. A comunidade internacional, incluindo Egito, Catar e Estados Unidos, intensifica esforços para um cessar-fogo, mas a situação continua a se deteriorar, com civis sendo mortos em ataques próximos a pontos de distribuição de alimentos e medicamentos.

Enquanto isso, o governo israelense ordena evacuações em áreas como Jabalia e Gaza City, preparando-se para ofensivas militares adicionais. No entanto, tanto palestinos quanto a ONU afirmam que não existem zonas verdadeiramente seguras em Gaza. A violência generalizada e a falta de governança efetiva transformaram a região em um cenário pós-apocalíptico, onde a sobrevivência diária é uma luta constante.