
Ordem executiva abre área marinha protegida para pesca comercial, alarmando cientistas e defensores da conservação.
O presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva que elimina restrições de pesca em uma vasta área marinha protegida no Pacífico. A medida, anunciada no final de abril, permite que embarcações comerciais pesquem em águas anteriormente protegidas próximas às Ilhas do Pacífico controladas pelos Estados Unidos, gerando forte reação de ambientalistas e cientistas.
Detalhes da ordem executiva
A decisão de Trump revoga proteções estabelecidas pelo ex-presidente Barack Obama em 2016, que haviam criado zonas de exclusão de pesca comercial no Monumento Nacional Marinho do Pacífico. Essas áreas protegidas, que abrangem milhões de quilômetros quadrados de oceano, eram consideradas essenciais para a preservação de ecossistemas marinhos únicos e espécies ameaçadas.
“Estamos devolvendo aos nossos pescadores o direito de pescar em águas americanas”, declarou Trump durante a cerimônia de assinatura. “Por tempo demais, regulamentações excessivas prejudicaram nossa indústria pesqueira e os empregos americanos.”
Impactos ambientais preocupam especialistas
Cientistas marinhos alertam para as graves consequências ambientais dessa decisão. De acordo com estudos recentes, as áreas protegidas no Pacífico abrigam mais de 7.000 espécies marinhas, incluindo dezenas ameaçadas de extinção.
“Esta é uma decisão devastadora para a conservação marinha”, afirmou a Dra. Sarah Thompson, oceanógrafa da Universidade do Havaí. “Essas áreas protegidas são fundamentais para manter o equilíbrio dos ecossistemas marinhos e proteger espécies que já estão sob intensa pressão devido à pesca predatória e às mudanças climáticas.”
A organização Oceana, dedicada à proteção dos oceanos, publicou um relatório indicando que a abertura dessas áreas para pesca comercial poderia levar à redução de até 40% nas populações de certas espécies de peixes em apenas cinco anos.
Indústria pesqueira celebra a medida
Em contraste com as críticas dos ambientalistas, representantes da indústria pesqueira comemoraram a decisão. Jack Wilson, presidente da Associação Nacional de Pescadores Comerciais, declarou que a ordem executiva “finalmente remove barreiras desnecessárias” que estavam sufocando o setor.
“Esta medida vai gerar milhares de empregos e fortalecer comunidades costeiras que dependem da pesca para sobreviver”, argumentou Wilson. De acordo com estimativas da indústria, a abertura dessas áreas para pesca comercial pode gerar um impacto econômico de mais de US$ 500 milhões por ano.
Batalha legal se desenha no horizonte
Grupos de conservação já anunciaram que contestarão a ordem executiva na justiça. A Fundação de Defesa Ambiental (EDF) e outras organizações estão preparando ações judiciais, argumentando que o presidente não tem autoridade legal para eliminar unilateralmente proteções estabelecidas sob a Lei de Antiguidades.
“Vamos lutar com todas as ferramentas legais disponíveis para impedir essa ação prejudicial”, declarou Elena Rodriguez, advogada da EDF. “Há precedentes jurídicos claros que limitam o poder do presidente de revogar designações de monumentos nacionais.”
Contexto histórico das proteções marinhas
As áreas marinhas protegidas foram significativamente expandidas durante a administração Obama, que designou mais de 1,5 milhão de quilômetros quadrados de oceano como áreas protegidas. Essas designações foram parte de um esforço global para preservar pelo menos 30% dos oceanos do mundo até 2030, meta apoiada por mais de 100 países.
O ex-presidente Trump já havia tentado reduzir áreas protegidas terrestres durante seu primeiro mandato, enfrentando desafios legais. A atual ordem executiva segue um padrão semelhante de desregulamentação ambiental que marca sua política desde 2017.
O futuro dos oceanos em jogo
Especialistas em conservação marinha destacam que esta decisão vai na contramão dos esforços globais de proteção dos oceanos. Em um momento em que relatórios científicos apontam para o declínio acelerado da biodiversidade marinha, a abertura de áreas protegidas para exploração comercial representa um retrocesso significativo.
“Os dados científicos são claros: precisamos de mais proteção para os oceanos, não menos”, alertou o Dr. Michael Chen, biólogo marinho do Instituto Oceanográfico Woods Hole. “As consequências dessa decisão serão sentidas por gerações.”
Enquanto a batalha legal se desenrola nos tribunais, ambientalistas planejam campanhas de conscientização pública e pressão política para reverter a ordem executiva. O futuro das águas protegidas do Pacífico permanece incerto, assim como o destino das milhares de espécies que dependem desses santuários marinhos para sobreviver.