
Como o presidente dos EUA tem sido feito de bobo pelos líderes da Rússia e de Israel.
Simon Tisdall, comentarista de relações exteriores do The Guardian, publicou um artigo demolidor neste domingo (14) que lança luz sobre o verdadeiro papel de Donald Trump no cenário internacional. Longe de ser o “homem forte” que afirma ser, Trump tem se mostrado incapaz de enfrentar líderes autoritários como Vladimir Putin e Benjamin Netanyahu — e, segundo Tisdall, essa fraqueza coloca as democracias em risco.
Logo no início de sua análise, Tisdall lembra que o então candidato prometera “acabar rapidamente com os conflitos na Ucrânia e em Gaza”. Oito meses depois, observa, “acontece exatamente o oposto. Ambas as crises estão se expandindo e se intensificando. A bolha estourou, seu blefe foi descoberto, o imperador está nu”.
Putin e Netanyahu “fazem de Trump um bobo”
Tisdall sustenta que, em vez de impor limites, Trump se deixou capturar pelas narrativas de seus rivais. “Quando Trump se depara com oponentes duros e inflexíveis, em vez de alvos fáceis, ele se rende. Ele se acovarda. O presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, já resolveram isso há muito tempo. Ambos o fazem de bobo. Eles o bajulam, inventam mentiras sobre querer a paz e depois voltam para casa para continuar fazendo o que querem.”
Esse padrão teria ficado evidente, segundo Tisdall, após a “embaraçosa cúpula do Alasca” com Putin e, mais recentemente, quando Netanyahu lançou um ataque aéreo ilegal contra o Catar. A reação de Trump, relata o colunista, foi apenas reclamar ao telefone que “não está feliz”, o que apenas confirmou sua fragilidade — e foi ignorado.
Silêncio diante da escalada russa
O episódio mais recente que expõe essa debilidade, segundo Tisdall, ocorreu com a incursão de drones russos na Polônia, país membro da OTAN. “Trump disse pouco até agora – e não fez nada. Seu silêncio é revelador. Ele não admitirá que sua subserviência bajuladora a Putin saiu pela culatra horrivelmente. Então Putin tem passe livre, novamente”, escreveu.
O risco para a Europa e a necessidade de reação
Para Tisdall, a postura de Trump não apenas fragiliza os Estados Unidos, mas também deixa um vácuo perigoso que incentiva regimes autoritários. “Longe de facilitar o fim dessas guerras, Trump tornou-se um grande obstáculo à paz. Suas intervenções irrefletidas, sua arrogância e sua parcialidade agravam a situação.”
Diante desse cenário, o colunista defende que a Europa não pode mais esperar por Washington. Segundo ele, “o Reino Unido e os estados europeus da OTAN precisam parar de se submeter a Washington, tirar as luvas e finalmente traçar uma linha com Moscou”. Entre as medidas possíveis, cita a criação de uma zona de exclusão aérea sobre áreas não ocupadas da Ucrânia, ampliação da ajuda militar, bloqueio de importações de energia russa, confisco de fundos do Kremlin e até mesmo o uso direto da força caso necessário.
“Esperar por Trump é tão fútil quanto esperar por Godot”
A conclusão de Tisdall é dura e definitiva: “Esperar por Trump é tão fútil quanto esperar por Godot, sem as piadas.” Para ele, a comunidade internacional precisa agir com urgência para conter Putin e Netanyahu, antes que a fraqueza do presidente americano abra caminho para um cenário de anarquia global.