Setembro Verde: Sesa inicia campanha para estimular doação de órgãos

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A campanha “Setembro Verde” tem como objetivo estimular a doação de órgãos em todo Espírito Santo. As ações durante todo o mês serão coordenadas pela Central de Notificação, Captação e Doação de Órgãos (CNCDO). A campanha é alusiva ao 27 de setembro, Dia Nacional da Doação de Órgãos. No Espírito Santo, a Lei Estadual 10.374/2015 inclui no calendário oficial do Estado o “Setembro Verde” como o Mês de Conscientização Sobre a Doação de Órgãos.  Até a segunda, 02 de setembro, 1.216 pessoas aguardam por um transplante. O número, porém, varia dia a dia.

De acordo com, subsecretário de Regulação e de Organização da Atenção à Saúde, Tadeu Marino, que há cinco anos realizou um transplante de rim, “não existe o transplante sem o sim. E o sim é da família. Temos que conversar com as nossas famílias, pois na hora mais sofrida, é a hora da decisão de fazer a permissão de doação. Isso é fundamental”, disse.

A coordenadora da Central Estadual de Transplantes, Maria Machado explicou que a doação é um gesto nobre. “Encorajamos as pessoas, especialmente as famílias, que conscientemente e com a devida proteção legal, doem órgãos como gesto de amor solidário. Certamente estamos diante de um gesto nobre e altruísta. Um ‘sim’ à vida”, concluiu.

Há um mês a família do funcionário público João Victor Batista foi surpreendida com a notícia da morte da mãe Iolanda Batista do Nascimento. Após um acidente vascular cerebral (AVC), foi constatado a morte cerebral da balconista. Mesmo com o sofrimento, a família decidiu pelo sim à doação de órgãos.

 “Para nós está sendo muito reconfortante, mesmo nesse período de luto que a família está passando. É com alegria também estarmos com esse pensamento de que a nossa mãe está ajudando outras pessoas”, contou João Victor.

No outro lado, o médico Jaílson Totola, que há quatro anos recebeu um fígado por meio do sim de uma família. “É muito emocionante quando vemos a família de um doador, pois para nós que ficamos naquela fila, não é fácil. E de repente surge alguém e o seu médico te liga e fala que tem um doador. Graças a uma família de doadores, que disse sim eu estou vivo. Hoje eu não estaria aqui para contar a vocês, mas graças à doação eu estou aqui”, falou emocionado.

O médico fez um apelo: “Peço a todos que falem a sua família que vocês são doadores de órgãos. Ajudem a salvar vidas”.

Para o aposentado Jaider Andre dos Reis, a vida do filho Fabio Henrique, que era transplantado de rim desde os cinco anos, mas faleceu aos 13 devido à infecção hospitalar, o fez ser apoiador da causa e ajudar à campanha da doação de órgãos. “Recentemente eu comecei uma campanha para incentivar a doação de órgãos, pois naquela época do meu filho, eu presenciei muito sofrimento. Não adianta você dizer que é doador, se não comunicou à família. Quero poder falar isso com as pessoas, mostrar que a doação salva vidas”.

O que é transplante de órgãos?

É um procedimento cirúrgico regulamentado por lei, no qual um órgão ou tecido doente é substituído por outro saudável, que tem por objetivo melhorar a qualidade de vida. Para isso, é preciso que haja doadores – vivos ou mortos.

O transplante é um tratamento efetivo para muitas doenças e, eventualmente, se torna a única opção terapêutica.

Recusa familiar

A coordenadora da Central de Transplantes do Espírito Santo, Maria Machado, comenta que o índice de recusa familiar no Estado é o principal empecilho ao avanço dos transplantes, chegando a aproximadamente 60%.

De janeiro a agosto de 2018, foram realizadas 54 entrevistas familiares e destas, 21 recusaram a doação; no mesmo período em 2019 foram entrevistadas 86 famílias e 47 recusaram a doação para múltiplos órgãos.

 “É importante inserir o tema nas discussões em família, para que o assunto seja conversado abertamente entre as pessoas e que seja manifestado aos familiares o desejo de ser um doador”, explicou a coordenadora.

Serviços transplantadores no Espírito Santo

Atualmente, são realizados no Espírito Santo transplantes de coração, fígado, pâncreas, rim, córnea/esclera, medula óssea autólogo e medula óssea aparentado. Existem no Estado sete serviços habilitados para realização desses procedimentos, sendo cinco deles por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) e quatro particulares, no entanto, todo o processo de notificação, captação e doação de órgãos é feito pelo SUS.

– Hospital Meridional: coração, fígado e rins;

– Hospital Evangélico de Vila Velha: coração, rim e córnea;

– Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam): córnea;

– Centro de Cirurgia Ocular do Espírito Santo (Cecoes): córnea (procedimento por convênio particular);

– Instituto de Olhos do Espírito Santo (IOES): córnea (procedimento por convênio particular);

– Instituto Oftalmológico Santa Luzia: córnea (procedimento por convênio particular);

– Hospital Mata da Praia: córnea (procedimento por convênio particular).

Já os bancos de olhos que realizam a captação de córneas estão localizados no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam), que realiza a captação de córneas em Vitória, e no Hospital Evangélico de Vila Velha, que faz a captação de córneas nos demais municípios do Espírito Santo.