Os dois guardiães muçulmanos da chave da Basílica do Santo Sepulcro de Jerusalém abriram, na madrugada desta quarta (28), as portas do lugar mais sagrado do cristianismo, depois de três incomuns dias de fechamento em protesto pela política fiscal e legislativa de Israel.
“Israel recuou. Estamos muito contentes. Esperamos que tudo dê certo e os peregrinos voltem a visitar a igreja novamente”, declarou Wayid Nuseibeh, pouco depois que tocassem os sinos, às 4h (hora local).
Ontem, as três igrejas de custódia (católica, greco-ortodoxa e armênia) anunciaram a reabertura, depois que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o prefeito do Jerusalém, Nir Barkat, acertaram o cancelamento das medidas fiscais que geraram a rejeição das comunidades cristãs.
As autoridades israelenses decidiram estabelecer uma equipe profissional, com a participação de todas as partes relevantes, em busca de uma solução para o assunto dos impostos municipais sobre propriedades da Igreja que não sejam centros de culto.
O fechamento, que começou no último domingo, ocorreu depois que a Município ordenou o congelamento das contas bancárias das igrejas, devido à falta de pagamento do Imposto sobre Bens Imóveis (IBI), do qual estavam historicamente isentas.
Essa medida foi suspensa, além da revisão de uma lei proposta no Parlamento israelense (Knesset), que deveria ter sido debatida no domingo e permitiria a expropriação retroativa de terras vendidas ou arrendadas a longo prazo pelas igrejas a empresas ou indivíduos.
As igrejas qualificaram as medidas de “ataque sistemático e sem precedentes” que “parece uma tentativa de enfraquecer a presença cristã em Jerusalém”.
Em 1990, as comunidades cristãs tomaram decisão semelhante e fecharam a basílica durante dois dias, por meio da captura de um edifício na Cidade Velha de Jerusalém, em território ocupado palestino, por parte de alguns colonos israelenses, lembrou à EFE o segundo guardião da chave, Adeeb Jawad.