Pesca sustentável é tema de encontro internacional

A pesca enfrenta um período decisivo e o mundo precisa de uma nova visão sobre o tema para o setor no século 21. Esta foi a principal mensagem do diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, Qu Dongyu, na abertura do Simpósio Internacional sobre Sustentabilidade Pesqueira.

O evento reúne especialistas do setor pesqueiro para analisar as condições globais e regionais da área e explorar formas de tornar os recursos pesqueiros mais sustentáveis.

Sustentabilidade

Entre os tópicos em discussão estão a pesca em tempos da mudança climática, o uso de novas tecnologias e as possibilidades de melhorar a cadeia de valor.

No evento que iniciou na segunda-feira, Dongyu lembrou que a população mundial deve chegar a quase 10 bilhões em 2050. Nessa situação, somente a terra não será suficiente para alimentar todas as pessoas e será preciso investir na “produção de alimentos aquáticos.”

Oceanos e Rios

No entanto, o chefe da FAO destacou que é preciso fazer isso “sem comprometer a saúde dos oceanos e rios”. Ele acrescentou que ao mesmo tempo, é necessário melhorar “as condições sociais dos que dependem da pesca, geralmente os mais pobres da sociedade.”

De acordo com a agência da ONU, globalmente, mais de uma em cada 10 pessoas depende da pesca para ganhar a vida e alimentar a família.

Preocupação

Mas a condição dos oceanos é motivo de grande preocupação devido à poluição plástica, aos impactos das mudanças climáticas, à degradação do habitat e o excesso de pesca.

A FAO observou que a pesca nas regiões desenvolvidas está se tornando cada vez mais sustentável, com a recuperação de estoques e melhora nas condições dos que trabalham no setor. Por outro lado, a pesca nas regiões em desenvolvimento não está melhorando no mesmo ritmo.

Soluções

O diretor-geral da agência apontou três soluções para tornar a pesca mais sustentável. A primeira, é voltar a investir em programas de sustentabilidade marinha e de água doce.

A segunda envolve o investimento no crescimento sustentável do oceano. Ele citou como exemplo a Iniciativa de Crescimento Azul da FAO, que se baseia no equilíbrio de princípios ecológicos, sociais e econômicos.

Já a terceira solução está relacionada a garantia de que medidas de proteção adequadas sejam combinadas com um gerenciamento eficaz, incluindo uma melhor abordagem do desperdício de alimentos na indústria pesqueira.

O enviado especial do secretário-geral para os oceanos, Peter Thomson, disse que é preciso tratar o oceano “com o respeito que merece”. Para ele, dessa forma, os oceanos perdoarão os erros humanos, se reabastecerão e voltarão a ser o “grande provedor de vida no planeta Terra.”

Thomson enfatizou que o prazo de quatro das 10 metas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 termina em 2020. Para controlar a pesca ilegal e garantir o alcance dessas metas, ele fez um apelo para que os países assinem o Acordo relativo às Medidas do Estado do Porto, Psma.

O enviado também pediu aos consumidores que exijam garantias em restaurantes e supermercados de que não recebem mercadorias roubadas quando compram produtos do mar.

Dados sobre a Pesca
  •     De acordo com a FAO, enquanto a população humana cresce 1,5% ao ano desde 1960, o consumo de proteína animal cresce 2,5% e do peixe 3%.
  •     Em 2017, a pesca forneceu 173 milhões de toneladas de produtos do setor, 153 milhões para consumo humano direto, um aumento de sete vezes em relação a 1950.
  •     Os produtos do mar são uma das commodities alimentares mais comercializadas, excedendo o comércio de alimentos de todos os animais terrestres combinados. Em 2017, as exportações de produtos pesqueiros atingiram o recorde de US$ 156 bilhões.
  •     O peixe é particularmente importante em países com déficit alimentar. Das 30 principais nações consumidoras do produto, 17 são países com déficit alimentar de baixa renda, principalmente na África, Ásia e Oceania.
  •     Cerca de 95% das pessoas que dependem da pesca para sua subsistência vivem na África e na Ásia. A grande maioria são operadores de pequena escala, lutando para ganhar a vida com uma das profissões mais difíceis e perigosas. Em 2019, a pesca comercial foi classificada como a segunda profissão mais mortal do mundo.