Papa americano faz dura repreensão ao compatriota Donald Trump.
A voz do primeiro Papa nascido nos Estados Unidos volta-se agora ao próprio país de origem. E o recado é direto: acolher o migrante é uma responsabilidade moral.
O Papa Leão XIII fez críticas firmes à política de deportações em massa do governo Donald Trump, afirmando que muitas famílias que vivem “há anos e anos” no país estão sendo separadas de maneira dolorosa. Ele também alertou para os riscos de escalada militar após o bombardeio americano a navios venezuelanos, avaliando que o uso da força pode aumentar tensões na região. As declarações foram feitas diante de jornalistas em Castel Gandolfo, onde o pontífice reforçou que a Igreja mantém posição clara em defesa da dignidade humana e da paz.
O Papa Leão XIII intensificou nesta semana seu posicionamento sobre temas que envolvem diretamente a agenda do governo Trump. Em conversa com a imprensa, ele afirmou que o tratamento dado a migrantes nos Estados Unidos exige uma “profunda reflexão”, principalmente diante de casos de famílias separadas e pessoas deportadas após décadas vivendo no país. A crítica é uma das mais explícitas desde o início de seu pontificado.
Falando em inglês e dirigindo-se ao público americano, o Papa ressaltou que, para a Igreja Católica, o cuidado com o estrangeiro é um princípio central do Evangelho. As observações foram interpretadas como referência às operações do ICE, órgão responsável pela fiscalização migratória, que intensificou ações nos últimos meses.
A posição do Papa gerou atenção especial entre setores conservadores católicos dos EUA, que inicialmente o viam como um possível aliado após anos de divergências com o Papa Francisco. No entanto, especialistas apontam que Leão XIII mantém a mesma linha doutrinária do antecessor em temas sociais, ainda que com estilo próprio. “Ele não mudará os ensinamentos da Igreja para atender expectativas políticas”, avaliou o historiador Austen Ivereigh.
O pontífice também comentou a situação envolvendo a Venezuela, após os Estados Unidos atacarem embarcações suspeitas de transportar drogas. Ele pediu cautela e diálogo, afirmando que a violência tende a aprofundar conflitos e não resolver a situação. “Com violência não venceremos”, disse, destacando que a presença de navios de guerra americanos nas proximidades do país latino-americano pode elevar atritos regionais.
Nascido em Chicago e com longa atuação missionária no Peru, Leão XIII tem histórico pessoal ligado às questões migratórias e à convivência em comunidades vulneráveis. Segundo especialistas, essa trajetória explica a ênfase que o Papa tem dado ao tema em seus primeiros meses de pontificado.
Em encontro recente com bispos dos Estados Unidos, ele reforçou que pobreza, migração e paz permanecerão como eixos centrais de sua atuação. Para analistas, o posicionamento firme do Papa tende a pressionar autoridades americanas que se identificam como católicas, como o vice-presidente JD Vance e o secretário de Estado Marco Rubio, que têm mantido diálogo contínuo com o Vaticano.
Seis meses após sua eleição, Leão XIII tem se mostrado um líder atento ao cenário internacional e disposto a se pronunciar com clareza. Suas falas indicam um papado voltado ao diálogo, mas inegociável quanto à defesa da dignidade humana.
