Melatonina em alta: entre o alívio do sono e os riscos ignorados

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Cuidado: a melatonina, vendida como inofensiva, pode ser um risco crescente. Dados recentes dos EUA revelam que o uso a longo prazo aumenta significativamente o risco de insuficiência cardíaca e morte prematura.

Há noites em que o silêncio pesa mais do que o cansaço. O travesseiro parece não conversar com o corpo. Nessas horas, a promessa de “sono natural” em gotas vem como um convite sedutor.

Cada vez mais brasileiros buscam na melatonina uma solução rápida para dormir melhor. A substância é um hormônio associado ao ciclo do sono. Mas junto com o aumento do consumo, crescem também os alertas. Efeitos colaterais, uso inadequado e falta de orientação médica preocupam especialistas em diversos países.

Explosão no consumo após a pandemia

O uso de melatonina disparou depois da pandemia. Distúrbios de sono se tornaram mais comuns. A substância é vendida livremente no Brasil desde 2021 em concentrações menores. Mas em farmácias de manipulação e pela internet é possível encontrar doses mais altas.

Pesquisadores da BBC e da Deutsche Welle fazem um alerta importante. Apesar da aparência de suplemento “inofensivo”, a melatonina é um hormônio. Isso significa que ela pode interagir com outras funções do organismo.

Estudos recentes revelam riscos preocupantes. O consumo frequente pode alterar o ritmo cardíaco. Pode provocar sonolência prolongada. Pode interferir no humor. Em casos extremos, pode até levar à morte. O risco é maior em pessoas sensíveis ou com histórico de ansiedade e depressão.

Uso incorreto multiplica os perigos

Médicos apontam um problema grave. Muitas pessoas usam o produto em horários errados. Ou tomam doses superiores ao necessário.

Na Europa e nos Estados Unidos, hospitais viram aumentar os atendimentos pediátricos. A causa? Overdose acidental da substância. Especialmente em crianças que tiveram acesso a suplementos em formato de balas.

Especialistas são enfáticos. Bebês e adolescentes não devem usar melatonina sem acompanhamento estrito. Seus corpos ainda estão regulando o próprio ciclo de sono.

Tratar o sintoma não resolve o problema

Muitas vezes, a pessoa busca a melatonina como solução imediata. Mas a causa real do problema pode estar em outro lugar. Estresse, uso excessivo de telas, rotina desorganizada ou transtornos de ansiedade podem ser os verdadeiros culpados.

Neurologistas recomendam que o hormônio só seja usado de forma complementar. Deve vir associado a mudanças de hábitos. E, de preferência, após consulta com profissional de saúde.

O que realmente ajuda a dormir bem

A melatonina pode ser útil em casos pontuais. Mudanças de fuso horário ou horários de trabalho irregulares, por exemplo. Mas ela não substitui cuidados básicos.

O que realmente funciona? Reduzir a luz azul à noite. Manter horários fixos para dormir e acordar. Criar um ambiente de descanso adequado.

Em um mundo acelerado, o corpo continua pedindo algo simples. Tempo para desligar.