Inverno começa oficialmente no Brasil: frio, causos e calor humano no Hemisfério Sul

imagem: Freepik AI

O inverno começa oficialmente nesta sexta-feira, 20 de junho de 2025, às 23h42, com a chegada do solstício que marca o início da estação mais fria do ano no Hemisfério Sul. É o momento em que o Polo Sul se afasta ao máximo do Sol, resultando em dias mais curtos e noites mais longas. No Brasil, a estação promete quedas de temperatura, menos chuvas em algumas regiões e, claro, uma avalanche de cobertores, bebidas quentes e histórias ao redor da lareira.

Durante os próximos três meses, o frio vai se intensificar especialmente nas regiões Sul e Sudeste, onde as temperaturas podem facilmente ficar abaixo dos 10 °C em cidades serranas. As manhãs devem ser marcadas por nevoeiros, e em áreas como a Serra Gaúcha ou a Serra da Mantiqueira, há até chances de geada ou neve. Já nas regiões Norte e Nordeste, o inverno é mais tímido, mas ainda assim traz mudanças nos padrões de chuva e temperaturas ligeiramente mais amenas.

E como o brasileiro enfrenta o frio? À sua maneira: com criatividade, humor e uma dose generosa de acolhimento. Em tempos de temperaturas baixas, cresce o uso de aquecedores, roupas térmicas, cobertores elétricos e bolsas de água quente. Quem não tem aquecedor, improvisa: vale casaco em dobro, café passado na hora e até esquentar o pé com garrafa de água quente dentro da meia.

No Sul do país, há todo um ritual para encarar o frio. O chimarrão, por exemplo, ganha ainda mais espaço – não apenas como bebida, mas como elemento de convivência: esquenta as mãos, o corpo e o papo. Já o famoso quentão, preparado com vinho ou cachaça e temperado com cravo, canela e gengibre, vira figurinha carimbada nas festas juninas e noites geladas.

Nas cozinhas, o cardápio muda completamente. Entram em cena pratos como fondue, sopas fumegantes servidas no pão italiano, caldos de feijão ou mandioca, sagu de vinho e o tradicional entrevero de pinhão – um prato típico gaúcho feito com carnes e pinhão, símbolo do inverno no Sul. Aliás, o pinhão aparece assado, cozido ou como protagonista em receitas criativas e reconfortantes.

Outra tradição bem brasileira é “lagartear” no sol das manhãs de inverno, especialmente no interior. Com uma bergamota (mexerica) na mão, as pessoas se sentam nos quintais para aproveitar os raros momentos de calorzinho natural. No rádio, toca música de raiz; ao redor da lareira, compartilham-se causos e histórias passadas de geração em geração – sempre com uma boa dose de exagero e gargalhada.

Mas o frio também tem seu lado cômico. Quem nunca vestiu pijama às 19h e só trocou de roupa no dia seguinte? Ou ficou ao lado do aquecedor como se fosse uma lareira de novela? Há até quem invente “jeitinhos” para driblar o frio: dormir de toca, usar duas meias, ou colocar o gato no colo só pra aproveitar o calor do bichano.

O inverno brasileiro é, acima de tudo, uma estação de convivência. É quando o calor humano se sobrepõe ao termômetro. Um convite a desacelerar, reunir, saborear e rir junto. Seja com uma xícara de chá fumegante, uma taça de vinho quente ou um bom livro debaixo das cobertas, a estação traz a oportunidade de redescobrir pequenos prazeres – e fazer do frio uma desculpa perfeita para se aquecer… com afeto.