Após três anos de quedas consecutivas, a produção industrial brasileira fechou o ano passado com crescimento acumulado de de 2,5%, na comparação com 2016, puxada pelo setor automotivo. Este é o primeiro resultado anual positivo desde 2013, quando a indústria fechou com expansão de 2,1%, e o maior desde 2010, ano em que a indústria teve o recorde de 10,2% de crescimento. Mesmo assim, os índices ainda estão 14 p.p. abaixo dos medidos em junho de 2013.
Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física Brasil (PIM-PF) divulgada nesta quinta (01), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apresentou também o resultado mensal do último mês de 2017: o parque fabril do país fechou dezembro com crescimento de 2,8% em relação a novembro, na série livre de influências sazonais.
Esta foi a maior alta mensal na série ajustada sazonalmente desde os 3,5% de junho de 2013. A indústria fechou os quatro últimos meses do ano passado com crescimentos mensais consecutivos, período em que acumulou expansão de 4,2%.
Em relação a dezembro de 2016, a indústria teve alta de 4,3%, a oitava taxa positiva consecutiva na comparação com o mesmo mês do ano anterior, mas inferior às taxas de outubro (5,5%) e novembro (4,7%). No quarto trimestre, indústria cresceu 4,9% em relação ao mesmo período de 2016. Já o crescimento acumulado do segundo semestre do ano foi de 4%.
Em 2017, houve crescimento em todas as quatro grandes categorias econômicas, 19 dos 26 ramos, 51 dos 79 grupos e em 56,4% dos 805 produtos pesquisados pelo IBGE, em comparação com o ano anterior.
Entre as grandes categorias econômicas, o principal destaque foi para bens de consumo duráveis, com expansão de 13,3% no ano; seguido de bens de capital, com alta de 6%. As duas categorias tinham registrado queda em 2016, de 14,4% e 10,2% respectivamente.
Segundo o IBGE, a expansão de bens de consumo duráveis foi influenciada pela fabricação de automóveis (crescimento de 20,1% no ano) e eletrodomésticos (10,5%). Já em bens de bens de capital, destacam-se equipamentos de transporte (aumento de 7,9%), de uso misto (18,8%) e para construção (40,1%).
Também com resultados positivos, mas abaixo da média nacional de 2,5%, aparecem os setores produtores de bens intermediários (1,6%) e de bens de consumo semi e não duráveis (0,9%).
Entre os ramos de atividades, a maior influência positiva foi exercida pela atividade de veículos automotores, reboques e carrocerias, que cresceu 17,2%; seguida seguida pelas indústrias extrativas (4,6%); de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (19,6%); de metalurgia (4,7%); de produtos alimentícios (1,1%); de produtos de borracha e de material plástico (4,5%), de celulose; papel e produtos de papel (3,3%); de máquinas e equipamentos (2,6%); e de produtos do fumo (20,4%).
A avaliação do gerente da pesquisa, André Macedo, é de que o bom desempenho no setor de veículos automotores foi crucial para o crescimento da produção industrial em 2017. “Praticamente todos os setores tiveram crescimento, mas o setor automobilístico, principalmente a fabricação de veículos pequenos, foi o que mais influenciou. Grande parte disso se deve à melhora no nível de estoques e ao aumento das exportações ”, afirmou.
Mas para Macedo, ainda é cedo para falar em recuperação. “O ano de 2017 rompe um período de queda na indústria brasileira, mas ainda está longe de uma mudança ideal”.
Apesar do crescimento, a indústria brasileira teve seu desempenho afetado pela queda de 4,1% na produção de derivados de petróleo e biocombustíveis; de 5,3% na de produtos farmacêuticos; e de 10,1% na de outros equipamentos de transporte.
Também tiveram baixas outros equipamentos de transporte (-10,1%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-5,3%), produtos de minerais não metálicos (-3,1%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-3,5%).
No crescimento da indústria em dezembro de 2017, comparativamente a 2016, a atividade de veículos automotores, reboques e carrocerias (25,1%) foi a que exerceu a maior influência positiva. Em seguida, vieram metalurgia (18,1%), produtos alimentícios (2,9%), celulose, papel e produtos de papel (10,1%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (19,9%), e produtos de borracha e de material plástico (8,%).
Das cinco atividades em queda, as principais influências negativas ocorreram nas indústrias extrativas (-3%) e de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-15,5%).
Entre as grandes categorias econômicas, bens de consumo duráveis, que cresceu 20,8% e bens de capital (8,8%) tiveram as maiores altas frente ao mesmo período de 2016. Bens de consumo duráveis teve a 14ª taxa positiva mensal consecutiva e a mais elevada desde os 23,3% de fevereiro de 2014.
Já o crescimento de 8,8% em bens de capital foi o oitavo resultado positivo consecutivo e ligeiramente mais intenso do que o de novembro último (8,4%). O segmento foi influenciado, em grande parte, pelo avanço no grupamento de bens de capital para equipamentos de transporte (21,4%).
Também tiveram alta os segmentos de bens intermediários, com 4,2%, e de bens de consumo semi e não duráveis, com 0,2%.
Com informações da Agência Brasil