
Tentativas de golpe cresceram 17% no país; clonagem de cartão, boletos falsos e golpes via Pix lideram a lista de crimes
Os brasileiros perderam, em média, R$ 6.311 em fraudes digitais em 2024. O dado alarmante integra o Relatório Global de Tendências de Fraude Omnichannel, da empresa de análise de risco TransUnion, e revela a dimensão do impacto dos golpes financeiros no país. O Brasil aparece entre as nações mais afetadas, ao lado de Filipinas, África do Sul e Índia.
De acordo com o levantamento, 40% dos consumidores brasileiros disseram ter sido alvo de tentativas de golpe por e-mail, telefone ou SMS no último ano. E, entre eles, pelo menos 10% chegaram a ser enganados, com perda financeira efetiva.
Cartão clonado, Pix e boletos falsos
Os tipos de fraudes mais relatados envolvem clonagem de cartão de crédito (47,9%), pagamento de boletos falsos e transferências via Pix (32,8%), além de ataques de phishing, como e-mails com links maliciosos (21,6%). A Febraban também destaca os golpes via WhatsApp, como o do “falso filho”, que já enganou mais de 150 mil pessoas.
A crescente sofisticação dos golpistas preocupa. O relatório aponta o avanço de técnicas como o vishing — em que criminosos se passam por funcionários de bancos ou operadoras por telefone para obter dados confidenciais. Em muitos casos, a vítima acredita estar falando com a própria instituição financeira.
A idade não protege
Embora muitos pensem que apenas pessoas idosas sejam vítimas desses crimes, o estudo revela que a Geração Z (nascidos entre 1997 e 2012) é a mais atingida. Entre os entrevistados mais jovens, 38% afirmaram ter sofrido prejuízo financeiro com golpes. Em seguida, aparecem os baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964), com 11%.
Um outro levantamento da Serasa Experian confirma a tendência: 51% dos brasileiros já foram vítimas de algum tipo de fraude digital, e mais da metade (54,2%) perdeu dinheiro.
Uma tentativa de golpe a cada meio segundo
Segundo dados do setor financeiro e da TransUnion, o Brasil registrou mais de 11,5 milhões de tentativas de fraude em 2024 — o equivalente a aproximadamente 2,8 golpes por segundo. As tentativas mais comuns ocorrem no setor de telecomunicações, serviços financeiros e comércio eletrônico.
“Fraudadores estão cada vez mais organizados, usando recursos como inteligência artificial e engenharia social para enganar consumidores. O objetivo é obter acesso a informações ou sistemas que permitam movimentações financeiras indevidas”, afirma Wallace Massola, diretor da TransUnion Brasil.
Como se proteger
Especialistas alertam para medidas simples, mas eficazes para evitar prejuízos:
- Não clique em links suspeitos enviados por e-mail ou WhatsApp.
- Confirme a origem de qualquer ligação ou mensagem antes de fornecer informações.
- Evite realizar transferências por Pix sem confirmar a identidade do destinatário.
- Utilize senhas fortes e diferentes para cada serviço.
- Ative a autenticação em duas etapas em contas bancárias e redes sociais.
- Denuncie qualquer suspeita à polícia e ao banco responsável.
Educação digital é prioridade
Diante do cenário, especialistas reforçam a importância da educação digital e da atualização constante das ferramentas de segurança. Para eles, tanto o poder público quanto as empresas privadas precisam investir mais em campanhas de conscientização.
Enquanto isso não acontece em larga escala, o consumidor segue sendo o elo mais frágil — e o mais visado — nessa cadeia de ataques virtuais.