
Crianças e idosos são os mais afetados por doenças relacionadas à água contaminada e à proliferação de insetos, enquanto regiões como Norte e Nordeste enfrentam taxas alarmantes de hospitalizações.
Em 2024, o Brasil registrou mais de 344 mil internações por doenças ligadas à falta de saneamento básico, como dengue e infecções transmitidas por água e alimentos contaminados. Crianças e idosos são os grupos mais vulneráveis, enquanto regiões como Norte e Nordeste apresentam taxas de hospitalização que dobram a média nacional. Os dados, divulgados pelo Instituto Trata Brasil, revelam um problema persistente que afeta principalmente populações de baixa renda e comunidades indígenas.
Apesar de uma queda anual de 3,6% nas internações desde 2008, o cenário ainda é crítico. Doenças transmitidas por insetos, como a dengue, e infecções feco-orais, como gastroenterites, continuam a desafiar o sistema de saúde. Enquanto isso, a falta de acesso à água tratada e ao esgoto adequado custa ao país milhões de reais e milhares de vidas todos os anos.
O cenário nacional: números que assustam
Em 2024, o Brasil contabilizou 344 mil internações por doenças relacionadas ao saneamento inadequado. Desse total, 168,7 mil casos foram causados por doenças transmitidas por insetos, como a dengue, enquanto 163,8 mil resultaram de infecções feco-orais, como gastroenterites. Esses números representam quase 950 hospitalizações por dia, um reflexo direto da falta de acesso à água tratada e ao esgoto adequado.
Apesar da queda média de 3,6% ao ano desde 2008, o problema ainda é grave. O Instituto Trata Brasil estima que a universalização do saneamento básico poderia reduzir as internações em quase 70% e gerar uma economia de R$ 43,9 milhões anuais.
Regiões em alerta: Norte e Nordeste lideram taxas de internação
A situação é mais crítica em algumas regiões. No Centro-Oeste, o surto de dengue elevou a taxa de internações para 25,5 casos a cada dez mil habitantes, a maior do país. Já no Norte, as infecções feco-orais atingiram 14,5 internações por dez mil habitantes, o dobro da média nacional.
O Amapá e Rondônia lideram o ranking negativo, com taxas de 24,6 e 22,2 internações por dez mil habitantes, respectivamente. No Nordeste, o Maranhão se destaca negativamente, com uma taxa de 42,5 casos de infecções feco-orais por dez mil habitantes, seis vezes acima da média brasileira.
Crianças e idosos: os mais vulneráveis
Crianças e idosos são os grupos mais afetados pelas doenças relacionadas ao saneamento. Em 2024, cerca de 70 mil hospitalizações foram de crianças de até 4 anos, representando 20% do total. A incidência nessa faixa etária foi de 53,7 casos por dez mil habitantes, três vezes maior que a média geral.
Entre os idosos, a taxa foi de 23,6 internações por dez mil habitantes, com cerca de 80 mil hospitalizações. Além disso, 76% das mortes registradas em 2023 foram de pessoas com mais de 60 anos, evidenciando a gravidade do problema para essa população.
Desigualdade social e racial: quem mais sofre?
A falta de saneamento básico afeta principalmente populações de baixa renda. Em 2024, 64,8% das internações foram de pessoas pretas ou pardas. Entre os indígenas, a incidência foi de 27,4 casos por dez mil habitantes, apesar de representarem apenas 0,8% do total de hospitalizações.
A mortalidade também reflete essa desigualdade. Em 2023, a taxa de óbitos entre indígenas foi quatro vezes maior que a média nacional, embora o número absoluto de casos seja menor em comparação com brancos e negros.
Mortalidade: um problema que persiste
Em 2023, foram registradas 11.544 mortes por doenças relacionadas ao saneamento, sendo 5.673 por infecções feco-orais e 5.394 por doenças transmitidas por insetos. Apesar de uma queda geral desde 2008, a taxa de mortalidade aumentou em 1.748 municípios brasileiros, mostrando que o problema ainda está longe de ser resolvido.
Os números divulgados pelo Instituto Trata Brasil são um alerta para a urgência de investimentos em saneamento básico no país. Enquanto crianças, idosos e populações vulneráveis continuam a sofrer as consequências da falta de água tratada e esgoto adequado, o custo humano e financeiro só aumenta. A universalização do saneamento não é apenas uma questão de saúde pública, mas também de justiça social. O momento de agir é agora.
com informações da Agência Brasil