Estudo da ONU revela que mundo tem abismo digital de gênero

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O uso da Internet continua a crescer globalmente. Atualmente, 4,1 bilhões de pessoas utilizam a rede mundial. O número de usuários corresponde a 53,6% da população mundial. Segundo a União Internacional de Telecomunicações, UIT, 3,6 bilhões de pessoas continuam excluídas da comunicação online.

O relatório Mensurando o Desenvolvimento Digital: Fatos e Números 2019 sugere que a maioria dos desconectados vive nos países menos desenvolvidos, onde apenas 20% estão conectados à internet.

A diretora do Departamento de Desenvolvimento de Telecomunicações da UIT, Doreen Bogdan-Martin, destaca que “conectar os 3,6 bilhões de pessoas que ainda estão offline ao poder das tecnologias digitais” deve ser uma das prioridades de desenvolvimento mais urgentes.

Para ela, “a colaboração entre as partes interessadas será essencial para tornar a conectividade universal e significativa uma realidade para todos.”

Bogdan-Martin acrescenta que “isso exigirá esforços direcionados para reduzir o custo da banda larga e políticas inovadoras para financiar o lançamento da rede para populações não conectadas”.

Gênero

O estudo indica que na maioria dos países do mundo, os homens ainda têm mais acesso do que as mulheres ao poder transformador das tecnologias digitais. Mais da metade da população feminina global, 52%, ainda não estão usando a Internet, em comparação com 42% dos homens.

A estimativa é de que a proporção de todas as mulheres que usam a Internet globalmente seja de 48%, contra 58% de todos os homens.

O relatório também aponta que a diferença de acesso entre homens e mulheres acontece em todas as regiões do mundo, exceto nas Américas, que têm quase paridade.

Regiões

Segundo a UIT, embora a diferença de gênero digital tenha diminuído na Comunidade de Estados Independentes e na Europa, ela está crescendo na África, nos Estados Árabes e na região Ásia-Pacífico. Essa desigualdade é maior nos países em desenvolvimento, especialmente nas nações menos desenvolvidas.

O secretário-geral da UIT, Houlin Zhao, acredita que o relatório “é uma ferramenta poderosa para entender melhor os problemas de conectividade, incluindo a crescente divisão digital de gênero, em um momento em que mais da metade da população mundial está usando a internet.” Para ele, as estatísticas apresentadas ajudam os responsáveis pelo setor a “tomarem decisões políticas informadas para conectar os desconectados e acompanhar o progresso em nível global”.

Celulares

O estudo também informa que 97% da população mundial agora têm acesso a um sinal de celular e 93% ao alcance de uma rede 3G, ou superior.

Nas Américas, na região Ásia-Pacífico e na Europa, mais de 95% da população é coberta por uma rede de banda larga móvel 3G ou superior. Nos Estados árabes, esse número é de 91%, na Comunidade de Estados Independentes, de 88%; e na África, de 79%.

Dos 85 países que forneceram dados sobre a propriedade de telefones celulares, 61 têm uma proporção maior de homens com telefones móveis do que mulheres. Dos 24 países restantes em que existe paridade de gênero nesse fator, ou onde mais mulheres têm telefones celulares do que homens, o Chile é o país que tem a maior diferença de gênero digital em favor das mulheres, com 12%.

O uso da internet nos países desenvolvidos chega a quase 87% dos indivíduos. A Europa é a região com o maior acesso, com 82,5%, enquanto a África é a região com o menor alcance, com 28,2%.

Até o final de 2019, a ITU estima que 57% das famílias em todo o mundo terão acesso à internet em casa.

Barreiras:
  • A acessibilidade e a falta de habilidades digitais continuam sendo algumas das principais barreiras à adoção e uso efetivo da internet, especialmente nos países menos desenvolvidos do mundo;
  • Em 40 dos 84 países para os quais existem dados disponíveis, menos da metade da população possui conhecimentos básicos de informática, como copiar um arquivo ou enviar um e-mail com um anexo;
  • Embora sejam necessários mais dados, as descobertas iniciais indicam uma forte e premente necessidade de os governos se concentrarem em medidas para desenvolver habilidades digitais, particularmente nos países em desenvolvimento.

Fonte: ONU News