Consumo das famílias brasileiras cai 4,25% em fevereiro

Despesas obrigatórias e Carnaval impactaram o desempenho mensal, mas transferências de renda e reajustes salariais devem impulsionar o consumo no primeiro trimestre.

O consumo das famílias brasileiras registrou queda de 4,25% em fevereiro de 2024, segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Apesar do recuo mensal, o acumulado do bimestre mostra crescimento de 2,24% em relação ao mesmo período de 2023. O desempenho foi influenciado por despesas fixas, como mensalidades escolares e tributos, além do Carnaval, que ocorreu em março.

Apesar da queda, o setor mantém expectativas positivas para o fechamento do trimestre, impulsionado por programas de transferência de renda, reajuste do salário mínimo e pagamentos do PIS/Pasep. A pressão inflacionária sobre alimentos persiste, mas estímulos governamentais devem sustentar o poder de compra das famílias.

Queda no consumo

O consumo nos lares brasileiros, medido pela Abras, apresentou queda de 4,25% em fevereiro na comparação com janeiro, mas registrou alta de 2,25% em relação ao mesmo mês de 2023. O resultado abrange diversos formatos de lojas, como atacarejos, supermercados convencionais, lojas de vizinhança, hipermercados, minimercados e e-commerce. Todos os indicadores foram ajustados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE.

De acordo com a Abras, o desempenho de fevereiro foi impactado por fatores como despesas obrigatórias no início do ano, como reajustes de mensalidades escolares, transporte e tributos. Além disso, o mês mais curto e a realização do Carnaval em março contribuíram para a redução do consumo. “As famílias priorizam gastos fixos, o que reduz a demanda por outros itens no período”, explicou a entidade.

O vice-presidente da Abras, Marcio Milan, destacou que programas de transferência de renda, como o reajuste do salário mínimo e pagamentos do PIS/Pasep, ajudaram a mitigar os efeitos negativos. “Esses recursos extras, somados à continuidade das políticas de transferência de renda, devem garantir um desempenho mais favorável até o fim do primeiro trimestre”, afirmou.

Inflação e preços dos alimentos

Apesar dos estímulos, a pressão inflacionária sobre os alimentos continua. A cesta básica de 35 produtos, que inclui alimentos, bebidas, carnes, produtos de limpeza e itens de higiene e beleza, registrou aumento de 0,73% em fevereiro, passando de R800,75paraR800,75paraR 806,61. O destaque foi o aumento expressivo no preço dos ovos (+15,39%), com altas significativas em todas as regiões do país. O café torrado e moído também subiu (+10,77%), acumulando alta de 66,19% em 12 meses.

Por outro lado, alguns produtos tiveram redução de preço, como feijão (-3,33%), óleo de soja (-1,98%) e arroz (-1,61%). Entre as proteínas, a carne bovina (corte do traseiro) e o pernil registraram quedas, enquanto o frango congelado e o corte dianteiro da carne bovina apresentaram altas.

Expectativas para a Páscoa

Apesar do cenário desafiador, o setor de supermercados projeta crescimento de 8% a 12% nas vendas de produtos de Páscoa. Os preços dos ovos de chocolate e itens relacionados subiram, em média, 14%, enquanto produtos importados, como azeite e bacalhau, registraram altas de até 20%.

“A combinação entre renda disponível e ações comerciais bem estruturadas deve garantir uma Páscoa aquecida, reforçando a data como uma das mais importantes para o consumo das famílias”, afirmou Milan.