
Entrou em vigor nesta terça-feira o tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impõe sobretaxas de até 50% sobre uma série de produtos brasileiros. A medida, revelada em julho, é vista como parte de uma estratégia de “protecionismo econômico agressivo” adotada pelo governo republicano em seu segundo mandato.
A decisão afeta diretamente setores estratégicos da economia brasileira, como as exportações de rochas ornamentais, aço, café, carne bovina e produtos agrícolas processados. O Espírito Santo, segundo maior exportador brasileiro para os Estados Unidos, está entre os estados que mais sentem os impactos da nova política tarifária.
Motivações políticas e econômicas
A motivação do tarifaço é dupla: política e econômica. Trump aposta no discurso de valorização da indústria e do trabalhador americano como trunfo eleitoral, mirando as eleições legislativas de 2026. Além disso, tenta equilibrar a balança comercial dos EUA, pressionando países com os quais o déficit é elevado — caso do Brasil.
No campo político, Trump usa as tarifas para ameaçar o governo brasileiro. Ele quer que o país deixe de processar o aliado de direita, o ex-presidente Jair Bolsonaro, pelos ataques à democracia no Brasil.
Consequências imediatas para o Brasil
O impacto mais imediato será sentido nas exportações. Analistas projetam que o aumento das tarifas poderá gerar uma retração de até R$ 8 bilhões anuais nas vendas brasileiras ao mercado americano. Empresas de pequeno e médio porte, sobretudo no setor de rochas do Espírito Santo, já reportam cancelamentos de pedidos e renegociações de contratos.
Além da perda de competitividade, há risco de demissões e desaceleração econômica regional. No setor cafeeiro, o aumento no custo do produto brasileiro nos EUA pode favorecer concorrentes como Colômbia e Vietnã.
Reações do governo brasileiro
O governo brasileiro ainda avalia a melhor forma de reagir. O Itamaraty tenta uma saída diplomática, enquanto o Ministério da Economia estuda levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC). Há também pressão interna para que o Brasil adote medidas de retaliação, como o aumento de tarifas sobre produtos norte-americanos.
Especialistas veem risco de guerra comercial
Economistas e especialistas em comércio exterior alertam que o tarifaço pode ser o estopim de uma guerra comercial entre os dois países, com efeitos colaterais no agronegócio, na balança comercial e no emprego. “O Brasil precisa agir com firmeza, mas também com estratégia. Retaliar de forma precipitada pode isolar o país em um momento delicado da economia global”, alerta a analista internacional Marina Guimarães.
O que esperar a partir de agora
Com a medida já em vigor, os próximos dias serão de tensões diplomáticas e incertezas para os exportadores brasileiros. O desafio será equilibrar a resposta política com a preservação de relações comerciais importantes. Enquanto isso, empresas correm para redirecionar parte da produção para outros mercados, como a União Europeia, Ásia e países árabes.