O leste da República Democrática do Congo enfrenta um novo surto de ebola, e proteger as pessoas da infecção ali vai ser “muito, muito complexo”. A afirmação é do diretor-geral adjunto de Preparação e Resposta a Emergências da OMS, Peter Salama.
Ele falou aos jornalistas em Genebra, na Suíça. Segundo Salama, houve cerca de 20 mortes, mas ainda não é possível confirmar se todas são por ebola.
A República Democrática do Congo anunciou, na quinta-feira, um novo grupo de casos do vírus ebola na província de Kivu do Norte.
O anúncio ocorre oito dias depois de a Organização Mundial da Saúde, OMS, declarar o fim de um surto na província de Equateur, a cerca de 2,5 mil km de onde surgiram os novos casos.
O alerta para a nova crise foi lançado em 25 de julho, quando uma mulher e alguns familiares morreram depois de exibir sintomas da doença.
Peter Salama disse que a OMS espera que “o número de casos aumente nos próximos dias e semanas, com base na trajetória de epidemias neste estágio de desenvolvimento”.
Combate
A OMS ainda desconhece a origem do novo surto. Segundo Salama, “não há provas” de que as duas crises estejam relacionadas, embora seja “muito provável” que sejam da mesma cepa.
A prioridade para a OMS neste momento é confirmar esta informação. Salama explicou que isso é uma boa e má noticia, porque existe “uma vacina segura e eficaz” que pode ser usada, mas também é a estirpe mais mortal, matando mais de metade das pessoas contaminadas.
O país está envolvido num longo conflito. Na região onde surgiu o novo surto, existem mais de 100 grupos armados. No início do ano, a violência causou mais de 30 mil deslocados. No total, 1 dos 8 milhões de habitantes da província estão deslocados.
Escolta armada
A OMS acredita que obter acesso a algumas das pessoas vai exigir uma escolta armada. O país acolhe a maior operação de manutenção da paz da ONU, a Monusco, que pode auxiliar nestes esforços.
Salama explicou que “na escala de dificuldade, tentar combater um surto em uma zona de guerra está no topo.”
Há também a ameaça de as pessoas fugirem do surto escapando para países vizinhos, como Uganda, Tanzânia e Burundi, levando a infecção com eles. Medidas de vigilância adicionais já estão sendo implementadas nos pontos de passagem.