
Estudo alerta para aumento de doenças oculares; cuidados simples podem evitar tragédias.
Até 2050, a cegueira deve atingir 61 milhões de pessoas no mundo, com aumento de 52,5% nos casos. O problema está ligado ao envelhecimento populacional e à falta de prevenção. Especialistas afirmam que 80% dos casos poderiam ser evitados com medidas simples, como consultas oftalmológicas regulares e controle de doenças crônicas.
A campanha Abril Marrom, dedicada à conscientização sobre saúde ocular, reforça a importância do diagnóstico precoce. Doenças como catarata, glaucoma e retinopatia diabética são responsáveis pela maioria dos casos de cegueira e deficiência visual. A boa notícia é que muitas dessas condições têm tratamento eficaz quando identificadas a tempo.
Envelhecimento
A visão é um dos sentidos mais importantes para a interação humana com o ambiente, sendo responsável por cerca de 80% das informações que recebemos diariamente. No entanto, um estudo recente da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Grupo de Especialistas em Perda de Visão (VLEG), revela um cenário preocupante: os casos de cegueira e deficiência visual devem dobrar até 2050. A projeção indica que 61 milhões de pessoas serão cegas e outros 474 milhões terão deficiência visual moderada ou severa, impactando diretamente a qualidade de vida dessas populações.
O aumento nos casos está associado principalmente ao envelhecimento populacional global. Condições como catarata senil, degeneração macular relacionada à idade, glaucoma e retinopatia diabética lideram a lista de causas de perda de visão. Essas doenças, embora graves, podem ser controladas ou tratadas com intervenções precoces. No entanto, a falta de acesso a consultas oftalmológicas, óculos corretivos e cirurgias de catarata ainda é uma barreira significativa, especialmente em regiões menos desenvolvidas.
Para especialistas como o Dr. Fernando Ramalho, do Oftalmos – Hospital de Olhos, em Santa Catarina, a prevenção é a chave para reduzir esses números alarmantes. “Realizar exames oftalmológicos regularmente, mesmo sem sintomas aparentes, é essencial. Muitas doenças oculares não apresentam sinais claros em estágios iniciais, e o diagnóstico tardio pode levar à perda irreversível da visão”, explica. Além disso, medidas simples como proteger os olhos contra luz solar intensa, controlar doenças crônicas como diabetes e hipertensão, e adotar hábitos de higiene adequados podem fazer toda a diferença.
Abril marrom
A campanha Abril Marrom, criada em 2016 pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, busca destacar a importância desses cuidados. Durante o mês de abril, profissionais de saúde promovem ações de conscientização sobre as doenças oculares e a necessidade de acompanhamento médico. “A cor marrom foi escolhida porque é a tonalidade de íris mais comum no Brasil, simbolizando a universalidade do problema”, explica um dos organizadores da iniciativa.
Outro ponto crucial levantado pelos pesquisadores é a meta não cumprida do Plano de Ação Global da Organização Mundial da Saúde (OMS) para reduzir a deficiência visual evitável entre 2010 e 2020. Apesar dos esforços, a falta de infraestrutura e recursos em saúde ocular ainda é um desafio mundial. Segundo o professor João Marcello Furtado, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), “oferecer consultas, óculos e cirurgias de catarata para quem precisa é um caminho viável e acessível para diminuir drasticamente o número de cegos e deficientes visuais”.
No Brasil, a situação também é preocupante. Dados da OMS mostram que cerca de 3,5% da população brasileira sofre com algum tipo de deficiência visual, sendo a catarata a principal causa de cegueira no país. Para evitar complicações, especialistas recomendam visitas regulares ao oftalmologista, vacinação para prevenir doenças congênitas e atenção redobrada em atividades que possam colocar os olhos em risco, como o uso inadequado de produtos químicos ou esportes violentos.