Brasileiros querem reciclar, mas 42% não têm coleta seletiva onde moram

Imagem de freepik

Estudo revela aumento da conscientização ambiental, mas infraestrutura ainda é insuficiente; plástico é o material mais separado

Apesar do crescente interesse dos brasileiros pela reciclagem, a falta de estrutura ainda compromete o avanço da prática no país. Um novo estudo realizado pelo Movimento Plástico Transforma, em parceria com o Instituto QualiBest, revelou que 42% da população não tem acesso à coleta seletiva na rua ou bairro onde vive.

O levantamento “Reciclagem no Brasil: hábitos, desafios e percepções da população” ouviu 843 internautas maiores de 18 anos, em todas as regiões do país. O resultado mostra um cenário paradoxal: embora 64% dos entrevistados já separem frequentemente resíduos orgânicos e recicláveis em casa, a ausência de serviços públicos adequados limita os resultados dessa atitude consciente.

População engajada, mas sem apoio

A pesquisa mostra que 4 em cada 10 brasileiros enfrentam dificuldades por não terem coleta específica de lixo reciclável. Mesmo assim, mais da metade declara armazenar separadamente os resíduos recicláveis, utilizando sacos ou lixeiras próprias.

Entre os que separam o lixo, mas não contam com coleta seletiva, 30% dizem levar os materiais para pontos de descarte — sendo os mais utilizados as cooperativas (34%) e os espaços oferecidos por empresas (32%).

Para Beatriz Geraldes, do Movimento Plástico Transforma, esse comportamento indica uma vontade real de colaborar, mas reforça a necessidade de políticas públicas. “A reciclagem só se tornará viável em larga escala com a ampliação dos pontos de coleta, campanhas educativas e incentivos concretos ao descarte correto. Indústrias e empresas também precisam assumir sua parte, adotando práticas sustentáveis e estimulando a conscientização.”

Plástico lidera na separação

O plástico é o material mais separado para reciclagem entre os brasileiros: 51% mencionaram dar destino correto a esse tipo de resíduo, com destaque para pessoas da classe C (53%) e da faixa etária de 45 a 59 anos (56%).

Embora 94% reconheçam o plástico como reciclável, ainda há desinformação sobre suas variações. Apenas 40% sabem que o isopor (poliestireno expandido), por exemplo, também pode ser reciclado.

Além disso, mesmo que 83% saibam da existência de diferentes tipos de plásticos, apenas 57% conseguem identificar pelo menos algumas dessas variações, com maior destaque entre homens e pessoas de 45 a 59 anos.

“O estudo mostra que o plástico ocupa posição de destaque entre os materiais separados, mas ainda precisamos combater a desinformação sobre seus usos e reaproveitamento. Por isso, ações como mutirões, exposições e conteúdos educativos são fundamentais”, destaca Beatriz.

Quem deve cuidar da reciclagem?

A maioria (75%) dos entrevistados acredita que a responsabilidade pela separação dos resíduos é da própria população. Ainda assim, há forte cobrança por ações do governo (59%) e das empresas (49%). Entre os mais jovens (18 a 24 anos), a exigência por maior envolvimento do poder público é ainda maior: 67% defendem um papel mais ativo do governo.

Meio ambiente no centro das motivações

A preservação ambiental é a principal motivação para a separação dos resíduos, citada por 75% dos participantes. Outros fatores apontados foram a facilidade de descarte (41%) e recompensas como programas de pontos ou cashback (22%).

Além disso, mais de 80% dos entrevistados afirmaram estar dispostos a mudar seus hábitos de consumo para gerar menos resíduos.

Sobre o Movimento Plástico Transforma

Criado em 2016, o Movimento Plástico Transforma promove conteúdos e ações educativas para mostrar que o plástico, quando utilizado com responsabilidade, pode ser reutilizado de maneira eficiente. A iniciativa já impactou milhares de pessoas por meio de oficinas, mutirões de limpeza, exposições e materiais informativos.