O mundo chega à COP30 em Belém sob um alerta que ecoa como sirene global. De norte a sul, ondas de calor sufocantes, secas prolongadas e oceanos superaquecidos já não são projeções, mas realidade cotidiana.
É nesse cenário que a agência europeia Copernicus divulgou um novo estudo confirmando que 2024 foi o ano mais quente já registrado desde o início das medições modernas. O relatório aponta que a aceleração das emissões de dióxido de carbono (CO₂) está diretamente ligada à elevação das temperaturas globais. A divulgação ocorre justamente enquanto líderes e negociadores do mundo inteiro se reúnem no Pará para discutir o futuro do planeta.
COP30: o que está em jogo em Belém
A COP30 é a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, e marca uma edição especialmente simbólica: é a primeira realizada na Amazônia, região vital para a regulação climática global. Belém se transforma, assim, no centro das negociações internacionais sobre redução de emissões, financiamento climático e preservação das florestas tropicais.
Entre as pautas centrais discutidas nesta edição:
- Planos concretos para manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C, meta prevista no Acordo de Paris.
- Financiamento climático para países em desenvolvimento implementarem transição energética e adaptação climática.
- Proteção de florestas e biomas essenciais, com foco especial na Amazônia, Congo e Bornéu.
- Compromissos para reduzir a dependência de combustíveis fósseis, ainda responsáveis pela maior parte das emissões globais.
Autoridades da ONU reforçaram, na abertura, que a COP30 pode representar o último ponto de virada diplomático antes de danos climáticos se tornarem irreversíveis.
O que o novo estudo revela
Segundo o Serviço de Monitoramento Climático Copernicus, a concentração média de CO₂ atingiu cerca de 419 ppm em 2024, o nível mais alto dos últimos milhões de anos. A temperatura média do planeta ficou aproximadamente 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, ultrapassando de maneira continuada o limite considerado crítico pelos cientistas.
Climatologistas alertam que esse aumento está associado ao avanço das queimadas, expansão urbana sem planejamento e continuidade do uso intensivo de combustíveis fósseis, especialmente petróleo, gás e carvão.
Ondas de calor, incêndios e impactos econômicos
Em 2024, o calor extremo resultou em:
- Incêndios florestais devastadores na América do Norte e no Mediterrâneo;
- Perdas agrícolas significativas na América do Sul e na Índia;
- Aumento da demanda por energia elétrica, pressionando sistemas e elevando tarifas;
- Crises hídricas em áreas urbanas e rurais.
Além disso, os oceanos absorveram mais de 90% do calor excedente causado pela emissão de gases de efeito estufa, provocando branqueamento de recifes de corais, alteração de rotas migratórias de espécies marinhas e mudanças na formação de tempestades tropicais.
“Ainda há tempo” — mas não muito
Pesquisadores ouvidos pela BBC, DW e Al Jazeera convergem na mesma mensagem: o mundo ainda pode desacelerar o aquecimento global, porém o tempo para ação está se estreitando rapidamente.
Para eles, o resultado da COP30 será crucial para definir o ritmo dessa resposta internacional.
