Agência da ONU propõe soluções para impacto ambiental do comércio eletrônico

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, diz que muitas empresas não priorizam sustentabilidade na hora de fazer entregas; excesso de plásticos e caixas são alguns dos problemas observados; somente nos EUA, comércio eletrônico movimentou US$ 2,6 bilhões em 2016.

A comodidade de fazer compras pela internet e ter o produto entregue em casa não deve ser usada sem consciência ambiental. O alerta é da Agência da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma, num artigo publicado em sua página online.

Para o Pnuma, a sustentabilidade deve ser uma preocupação de qualquer empresa que vende pela internet. A agência lembra que um grande número de fabricantes tem se empenhando em reduzir a quantidade de plástico ou de papel com as embalagens, mas ainda há muito a fazer para que a compra na internet seja ambientalmente correta.

O objetivo da conferência é identificar as principais ações que garantirão a disponibilidade e o acesso a alimentos seguros agora e no futuro.

Ofertas

Somente nos Estados Unidos, em 2016, o comércio online movimentou US$ 2,6 bilhões em vendas. O cálculo é da empresa McKinsey e Company, que informa que o setor registrou um crescimento de 100% anual entre 2013 e 2018. Ainda de acordo com esta planilha, um terço das pessoas que compram pela internet buscam conveniência, apenas 13% estão interessados em ofertas.

O número de caixas para produtos de beleza, alimentos congelados e outros itens revela um fardo ambiental.  Desperdícios de alimentos, por exemplo, representam 8% das emissões de gases de dióxido de carbono, no valor de quase US$ 1 trilhão em todo o mundo.

Consumo

Num estudo da Universidade de Michigan, pesquisadores descobriram que o desperdício de kits de alimentos comparado ao de compras feitas em supermercados é menor. Uma das razões é que a comida vendida pela internet tem porções melhor adaptadas ao consumo.

Quando o consumidor vai ao mercado, existe um desperdício equivalente a 11% das emissões de gases que causam o efeito estufa. No caso de kits de alimentos online, colocados na porta de casa, a taxa é de 4%. Este número pode ser ainda mais baixo com o aumento de drones e vans elétricas na frota de entrega dos paquetes.

Beleza

O artigo do Pnuma chama a atenção para produtos de beleza e cuidados pessoais, que consome grande quantidade de plásticos descartáveis. O montante usado na indústria desde 1960 subiu 120 vezes.

Os altos níveis de embalagens plásticas são justificados com a necessidade de manter a qualidade e a segurança do produto.

No mês passado, a média de paquetes enviadas por dia era de 1 milhão. A agência da ONU acredita que 1 bilhão de árvores tiveram que ser cortadas para atender a demanda de 165 bilhões de paquetes, enviados em 2017.

Linhas de produção

O aspecto mais preocupante, segundo o Pnuma, é a falha em conseguir reduzir o consumo, incentivado pela facilidade e comodidade da compra online.

Muitos consumidores têm múltiplas assinaturas de comércio pela internet. O receio é de que as empresas acabem se especializando no que os compradores querem em vez do que eles precisam.

Garrette Clark, do Programa de Estilos de Vida Sustentáveis do Pnuma, acredita que as pessoas precisarão aprender a consumir menos e de forma diferente.

Cada vez mais empresas estão analisando como implementar produtos sustentáveis em suas linhas de produção. São iniciativas ecologicamente corretas que fornecem produtos veganos, ambientalmente justos, livres de plásticos descartáveis e éticos.

Cultura e comportamento

Esses serviços oferecem também soluções para uma clientela cada vez maior e mais consciente.

Esses consumidores buscam se afastar da economia do desperdício incentivando o consumo com a prática ambiental de compras.

O Pnuma ressalta, no entanto, que a responsabilidade não é somente dos consumidores. Os negócios também precisam de soluções sustentáveis em suas linhas de fornecimento e operações que possam mudar a cultura e o comportamento do consumo em excesso e de desperdício.