Roberto Andrade
Estabeleceu-se que a economia capitalista – onde se insere o Brasil – é regida pela lei da oferta e da procura. E esta lei é razoavelmente simples: o que tem muito e é de fácil acesso custa menos do que aquilo raro e é de difícil acesso.
Por essa lei, o ar que respiramos é de graça; a água que bebemos custa pouco e inúmeros outros “bens” essenciais à vida são depreciados. Inclusive a própria vida. Mas lá no fundo nós sabemos que há uma falha no capitalismo porque ele valoriza apenas aquilo que o Homem colocou preço e pode lucrar. O ar é de graça, mas “ar puro” custa caro. A água é barata, mas “água limpa” não tem preço e vale milhões. Assim, os mais ricos têm acesso ao “melhor” ar e à melhor água porque pagam por isso. Estão com a carteira aberta para compras capitalistas.
Mas existe um recurso que dinheiro nenhum pode pagar: a vida em si. Pode-se viver melhor ou pior, mas a “VIDA” não está no mercado. Pode comprar a morte de alguém e como esta pessoa vive, mas uma vez perdida a vida ela não será reposta. Não há como. Portanto, será que existe recurso mais valioso do que a vida? Essencialmente, o ser humano sabe que não. Tudo pode ser reposto e a natureza cuida disso na maioria das coisas essências, mas vida…
Ela é tão valiosa que quem descobrisse uma forma de torna-la eterna seria inimaginavelmente rico pelos padrões capitalistas. O mesmo aconteceria com quem conseguisse subjugar a morte. A Literatura está cheia de histórias sobre esses temas. Tudo ficção, já que até este momento isso não é possível.
Essa introdução é para mostrar como o presidente Jair Messias Bolsonaro e sua equipe são idiotas. Resolveram travar uma luta pela salvação da economia brasileira sacrificando vidas (até o dia 05 de junho, 35.026 pessoas haviam morrido vítima da covid-19).
Qual a lógica em desperdiçar o bem mais precioso do mundo (que não tem reposição) para salvar algo que pode ser recuperado facilmente? É como se alguém no deserto trocasse água por sol. E fizesse questão de a todo momento exibir sua idiotice, tentando disfarçá-la como genialidade para ser aplaudido pela claque de louco do hospício que financia.
Fazendo o inverso da lógica econômica, Bolsonaro abre mão de um bem único e raro (vidas brasileiras) por algo que está em qualquer lugar e disponível para todos: recursos financeiros. E o pior é que o ministro da economia aplaude. Ele não consegue ir além da cartilha que usa há anos e que criou problemas em várias empresas e países. Outro imbecil de carteirinha é o ministro “interino” da Saúde. Um general que abandonou o campo de batalha da covid-19, deixou os estados à própria sorte, estabeleceu que o povo brasileiro é o inimigo e que não consegue ver além das ordens que recebe para se manter no cargo que ocupa. Um verdadeiro “bosta n´água”, como dizia meu avô Zé.
Há alguns anos eu li o livro “Todo Mundo é Incompetente, inclusive você”. A base do livro é que você pode ser fera no nível em que você está, naquilo que você domina, mas, ao subir de nível, tudo tem que ser reaprendido, redefinido, ressignificado, e sua incompetência aflora. Bolsonaro é um exemplo claro de incompetente. A Presidência está acima do nível dele que sempre foi um militar de quinta categoria e um parlamentar de sexta. Um nada, nas duas funções anteriores. Mas estava bem. Como militar recebia ordens e não precisava pensar. Como parlamentar jamais apresentou um projeto, se contentava em receber o salário e usufruir das mordomias. Assim criou os filhotes -, numerados para revelar que não têm personalidade -, para se locupletarem do Estado brasileiro em todos os níveis, do municipal ao federal.
Esse é o presidente do Brasil que sai por aí sem máscara; diz “E daí” para as milhares de mortes da covid-19; esforça-se para exibir ao mundo sua subserviência ao “ídolo”, o presidente norte americano, que, sempre que pode, faz pouco caso dele, o humilha e despreza; que desperdiça os recursos naturais brasileiros únicos no mundo; que adora colocar em risco o futuro do país; e que faz questão de mostrar que é um idiota, cercados de idiotas, que acredita governar idiotas. Mas uma coisa ele ainda não percebeu: o que ele vê no espelho não é o povo brasileiro. Outros idiotas tiveram a mesma ilusão de poder.