Empobrecimento feminino avança e aprofunda desigualdades, mostra novo relatório

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Uma em cada quatro brasileiras vê desvantagem no gênero, aponta pesquisa.

Um novo retrato da condição das mulheres no Brasil revela que o empobrecimento e a desigualdade de gênero se intensificaram na última década. Apesar dos avanços na escolaridade, a realidade mostra que salários, trabalho e proteção social não acompanharam esse progresso. A 3ª edição da pesquisa “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado, realizada pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o Sesc, aponta que, apesar de ganhos educacionais, salários, trabalho e proteção social não acompanharam essa evolução.

O levantamento indica que as mulheres recebem, em média, 40% menos que os homens. Quase metade vive com menos de um salário mínimo e 16% não têm nenhuma renda. Nos estratos mais altos, a diferença também é evidente: apenas 4% das mulheres alcançam renda acima de três salários mínimos, contra 18% dos homens.

As disparidades atingem com mais força mulheres negras e do Nordeste. Mais da metade das mulheres negras têm renda de até dois salários mínimos, e no Nordeste, esse índice chega a 64%. O número de beneficiárias de programas sociais cresceu 50% desde 2010, a maioria delas negras.

A pesquisa também destaca que a violência continua presente. Uma em cada duas mulheres já sofreu algum tipo de agressão. A violência psicológica é a mais recorrente, seguida da moral. Apesar do alto conhecimento sobre a Lei Maria da Penha, a maioria não formaliza denúncias, e quase metade dos casos de estupro acontece dentro de casa, praticado pelo parceiro.

No campo político, há retrocessos. O interesse das mulheres pela política caiu, a participação em associações é mínima e cresce a percepção de que a situação feminina piorou em relação ao passado. Hoje, uma em cada quatro mulheres acredita que o gênero é motivo direto de desvantagem em todos os espaços sociais.