Indústria: país patina e Espírito Santo tem forte queda em abril

Divulgação: Suzano

Produção industrial avança apenas em seis das 15 regiões pesquisadas; estado capixaba recua 3,5% e interrompe dois meses de crescimento.

A produção industrial brasileira avançou timidamente 0,1% em abril, segundo os dados divulgados nesta terça-feira (11) pelo IBGE. No entanto, o desempenho foi marcado por desigualdades regionais. Apenas seis dos 15 locais pesquisados registraram alta na atividade, enquanto nove apresentaram queda — com destaque negativo para o Espírito Santo, que recuou 3,5% em relação a março e teve o segundo pior desempenho do país, atrás apenas do Ceará (-3,9%).

O resultado capixaba interrompe dois meses seguidos de crescimento na produção e acende um alerta sobre a recuperação da indústria local. A queda foi suficiente para anular os avanços anteriores e evidencia a vulnerabilidade do estado, cuja economia é fortemente atrelada a setores como mineração, siderurgia e celulose — todos altamente expostos à demanda internacional e aoscilação de preços externos.

A situação fica ainda mais preocupante quando se observa o desempenho em relação a abril de 2024: o Espírito Santo apresentou queda de 5,4%, a segunda maior do país nesse tipo de comparação. Já no acumulado do ano, de janeiro a abril, o recuo chega a 5,4%. Considerando os últimos 12 meses, o estado tem retração de 5,2%.

Enquanto o Espírito Santo enfrenta retrações, Pernambuco apresentou um salto impressionante na produção industrial: alta de 31,3%, o maior crescimento da série histórica iniciada em 2002. Também registraram avanços relevantes a Região Nordeste (+7,2%), Goiás (+4,6%) e Bahia (+0,5%). Santa Catarina e Rio Grande do Sul também cresceram, mas de forma modesta (ambos com +0,1%).

Entre os estados com queda, além do Espírito Santo e Ceará, destacam-se São Paulo (-1,7%), Amazonas (-1,3%), Rio de Janeiro (-1,9%) e Pará (-0,9%). São Paulo, maior parque industrial do país, vem alternando resultados positivos e negativos, refletindo incertezas econômicas, juros elevados e redução na demanda interna.

No cenário nacional, apesar do leve crescimento em abril, a produção industrial acumulou queda de 0,3% em relação ao mesmo mês do ano passado. No entanto, ainda registra alta de 1,4% no acumulado de janeiro a abril, e de 2,4% no acumulado dos últimos 12 meses, sinalizando uma recuperação lenta e desigual entre os estados.

Especialistas apontam que o desempenho do Espírito Santo reforça a necessidade de diversificação econômica regional. A dependência de segmentos vulneráveis a fatores externos, como o mercado global de commodities, torna o estado suscetível a oscilações bruscas. Medidas como estímulo à inovação, fortalecimento da indústria de transformação e incentivos fiscais podem ajudar a suavizar os impactos e gerar maior estabilidade à economia local.

Para os próximos meses, as expectativas são moderadas. A continuidade da recuperação depende do cenário macroeconômico, da política monetária e do comportamento dos mercados internacionais — especialmente no que diz respeito às exportações.