
Após cúpula em Londres, líderes europeus reforçam necessidade de aumentar gastos com defesa e elaboram plano de cessar-fogo com apoio dos EUA.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi direta ao afirmar que a Europa precisa se rearmar urgentemente. A declaração foi feita após uma cúpula de líderes europeus realizada neste domingo (2), em Londres, que discutiu o apoio à Ucrânia e a segurança continental diante da guerra contra a Rússia. Von der Leyen destacou a importância de aumentar os investimentos em defesa e reforçou a necessidade de a Europa demonstrar aos Estados Unidos sua capacidade de proteger a democracia.
“Após um longo período de subinvestimento, agora é crucial intensificar os gastos com defesa. Faremos isso pela segurança da União Europeia. Temos que nos preparar para o pior”, afirmou Von der Leyen em coletiva após o encontro.
A reunião, liderada pelo primeiro-ministro britânico Keir Starmer, ocorreu dias após um tenso bate-boca entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca. O desentendimento agravou as relações entre Washington e Kiev, já fragilizadas desde o retorno de Trump à presidência em janeiro. Durante o governo Biden, os EUA foram um dos maiores doadores de ajuda militar e financeira à Ucrânia.
Coalizão dos dispostos e plano de cessar-fogo
Starmer anunciou a criação de uma “coalizão dos dispostos” para fortalecer a segurança europeia e apoiar a Ucrânia. O premiê britânico não detalhou quais países integram o grupo, mas afirmou que o Reino Unido, a França e a Ucrânia trabalharão juntos em um plano de cessar-fogo para ser apresentado aos EUA.
“Concordamos que o Reino Unido, a França e outros países trabalharão com a Ucrânia em um plano para interromper os combates. Discutiremos essa proposta com os Estados Unidos”, disse Starmer em entrevista à BBC. Ele também garantiu que o Reino Unido está pronto para enviar tropas e apoio aéreo caso um acordo de paz seja alcançado.
Pressão sobre gastos com defesa
A cúpula ocorre em um momento de desinvestimento dos EUA na segurança europeia. Trump tem pressionado os países da Otan a elevarem seus gastos com defesa para 3% do PIB e sugeriu que os EUA podem não continuar como o principal garantidor da segurança europeia, papel que desempenham desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, presente no encontro, afirmou que os países europeus concordaram em aumentar os gastos com defesa e estão “intensificando esforços” para oferecer garantias de segurança.
Participação internacional
Além de Starmer, Zelensky e Von der Leyen, participaram da reunião líderes da França, Alemanha, Dinamarca, Espanha, Finlândia, Itália, Holanda, Noruega, Polônia, República Tcheca, Romênia, Suécia e Turquia, além do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.
A cúpula em Londres marca um momento crucial para a segurança europeia e o futuro da Ucrânia. Com a formação de uma coalizão e a elaboração de um plano de cessar-fogo, os líderes europeus buscam não apenas encerrar o conflito, mas também reafirmar a autonomia estratégica do continente. No entanto, o sucesso dessas iniciativas dependerá do apoio dos EUA, que continuam sendo um ator central na geopolítica global.