
Câncer de mama atinge 108 mil mulheres jovens em 6 anos no Brasil. Dados alarmantes revelam que jovens concentram 22% das mortes pela doença entre 2018 e 2023
O câncer de mama está atingindo mulheres cada vez mais jovens no Brasil. Dados recentes do Painel Oncologia Brasil, analisados pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), mostram uma realidade preocupante: mais de 108 mil mulheres com menos de 50 anos foram diagnosticadas com a doença entre 2018 e 2023.
Esse número representa uma proporção alarmante de uma em cada três mulheres diagnosticadas com câncer de mama no país. Consequentemente, os especialistas defendem a ampliação urgente do rastreamento para faixas etárias não cobertas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Números que preocupam os especialistas
Durante o período analisado, o Brasil registrou mais de 319 mil diagnósticos de câncer de mama. Desse total, 157,4 mil casos ocorreram em mulheres de 50 a 69 anos – faixa etária atualmente contemplada pelo rastreamento do SUS.
Entretanto, os dados revelam uma distribuição preocupante por idade:
- 71.204 casos em mulheres de 40 a 49 anos
- 19.576 casos em mulheres de 35 a 39 anos
- 53.240 casos em mulheres acima de 70 anos
Juntos, os casos em mulheres de 35 a 49 anos representam 33% de todos os diagnósticos no período. Portanto, essa estatística reforça a necessidade de repensar as políticas de rastreamento no país.
Crescimento acelerado da doença
O cenário torna-se ainda mais grave quando observamos a evolução temporal dos casos. Em 2018, foram registrados 40.953 diagnósticos. Já em 2023, esse número saltou para 65.283 casos – representando um crescimento de 59% em apenas seis anos.
Além disso, a distribuição geográfica mostra concentração em estados mais populosos:
- São Paulo: 22.014 casos
- Minas Gerais: 11.941 casos
- Paraná: 8.381 casos
- Rio Grande do Sul: 8.334 casos
- Bahia: 7.309 casos
Mortalidade em alta entre as jovens
Os óbitos por câncer de mama também apresentam tendência crescente. Entre 2018 e 2023, foram registradas 173.690 mortes pela doença no país. Comparativamente, os óbitos passaram de 14.622 em 2014 para 20.165 em 2023 – um aumento de 38%.
Particularmente preocupante é o fato de que 38.793 mulheres com menos de 50 anos morreram da doença. Esse número corresponde a 22% de todas as mortes por câncer de mama no período. Simultaneamente, mulheres acima de 70 anos representaram 56.193 óbitos (32% do total).
Impacto da pandemia no diagnóstico
O CBR destaca que, embora tenha ocorrido redução nos óbitos entre 2020 e 2021, os números voltaram a crescer em 2022 e 2023. Segundo a entidade, essa alta possivelmente reflete o impacto da pandemia de covid-19.
“A interrupção do rastreamento durante esse período gerou um efeito acumulado, contribuindo para o aumento da mortalidade”, explica o colégio. Dessa forma, muitas mulheres perderam a oportunidade de diagnóstico precoce durante o período mais crítico da pandemia.
A urgência do rastreamento ampliado
Com base em evidências científicas, o CBR defende a extensão do rastreamento para mulheres abaixo de 50 anos e acima de 70 anos. Atualmente, o SUS recomenda mamografia apenas para a faixa de 50 a 69 anos.
O rastreamento precoce, segundo especialistas, pode reduzir em até 30% a mortalidade por câncer de mama. “Isso significa que metade das vidas perdidas para a doença poderia ser salva com um diagnóstico no momento certo”, enfatiza o CBR.
Portanto, os dados apresentados evidenciam a necessidade urgente de rever as políticas públicas de prevenção. Afinal, quando se trata de câncer de mama, cada dia pode fazer a diferença entre a vida e a morte.