
OMS lança alerta: 871 mim mortes por ano.
Um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que cerca de 16% da população mundial — ou seja, uma em cada seis pessoas — relata sentir-se solitária, e esse sentimento pode causar até 871 mil mortes por ano.
O levantamento evidencia que a solidão não se limita aos idosos. Os jovens, especialmente adolescentes de 13 a 17 anos (20,9%) e jovens adultos entre 18 e 29 anos (17,4%), são mais afetados que pessoas acima de 60 anos (11,8%). Além disso, regiões de baixa renda e renda média exibem índices mais elevados: 24,3% nos países de baixa renda, comparados a 10,6% em nações ricas.
Entre regiões, os maiores índices de solidão aparecem na África (24,3%) e no Mediterrâneo Oriental (21%), enquanto a Europa apresenta o índice mais baixo (10,1%) e nas Américas a taxa é de 13,6%.
O relatório esclarece a diferença entre conceitos: isolamento social refere-se à falta de conexões, e solidão é o sentimento angustiante que surge do descompasso entre relações desejadas e existentes. Estima-se ainda que o isolamento afete cerca de um em cada três idosos e um em cada quatro adolescentes.
Fatores de risco e impacto na saúde
A OMS destaca que a solidão está ligada a riscos psicológicos e físicos, incluindo depressão, enfermidades cardiovasculares e uma maior mortalidade geral. O excesso de tempo de tela e a exposição a interações negativas nas redes sociais podem agravar esse cenário entre os jovens.
Populações marginalizadas — migrantes, LGBTQIAP+, povos indígenas e pessoas com deficiência — são identificadas como mais vulneráveis devido à discriminação ou barreiras estruturais.
Entre as causas apontadas estão a falta de políticas públicas adequadas, infraestrutura comunitária limitada, desigualdade socioeconômica, desequilíbrios na tecnologia digital e fatores de saúde individuais .
Recomendações da OMS
A OMS defende políticas públicas integradas. Entre as estratégias sugeridas estão ações que promovam conexão social em programas de saúde, educação, acesso digital e emprego. A tecnologia, segundo o relatório, deve servir para aproximar, não isolar pessoas.
O diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus alertou que, apesar de inúmeras formas de conexão, a solidão cresce e representa impacto social, econômico e sanitário. Já Vivek Murthy, copresidente da comissão internacional, destacou a necessidade de “abrir a cortina” sobre o tema e usar o relatório como roteiro para construir sociedades mais conectadas.
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No Brasil, os dados de saúde mental mostram alta prevalência de depressão (5,8%) e de ansiedade (9,3%), sendo que jovens são os mais afetados, e o suicídio entre eles aumentou 30% em 28 anos. Esses números indicam uma correlação direta com o fenômeno global da solidão, reforçando a urgência de atenção local.
O isolamento afetivo já configura uma epidemia global. Jovens e populações vulneráveis concentram os maiores índices. As recomendações da OMS devem inspirar ações conjuntas entre governos, sociedade e setor privado. O Brasil tem dados compatíveis, exigindo políticas públicas com foco em conexão social, espaço comunitário e uso consciente de tecnologia.