Um surto de infecção identificado no Hospital Santa Rita, em Vitória, pode ter sido causado pelo fungo Histoplasma capsulatum, de acordo com análises preliminares citadas por especialistas que acompanham o caso. O agente, encontrado geralmente em ambientes com fezes de aves ou morcegos, é conhecido por causar a histoplasmose — doença que afeta principalmente os pulmões. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou, em coletiva nesta segunda (03/11), que investigações continuam para confirmar a origem das infecções e mapear a possível cadeia de transmissão dentro da unidade.
Entenda o caso desde o início
O surto foi notado após o registro de um número incomum de infecções entre pacientes internados. Profissionais relataram quadro semelhante de febre, tosse persistente e dificuldade respiratória, o que acendeu o alerta. Amostras clínicas foram enviadas para análise laboratorial. Até o momento, não houve divulgação oficial sobre óbitos relacionados ao surto, mas pacientes seguem em acompanhamento.
Nos últimos dias, infectologistas e epidemiologistas passaram a trabalhar com a hipótese de contaminação ambiental. Isso porque o Histoplasma costuma se reproduzir em locais úmidos e mal ventilados, especialmente quando há resíduos orgânicos. A investigação inclui vistoria de áreas do hospital, análise de filtros de ar condicionado e verificação de possíveis obras ou movimentação de materiais que possam ter liberado esporos.

O que é o Histoplasma capsulatum
O fungo está presente no solo, especialmente em locais com presença de aves e morcegos. A infecção ocorre por inalação de esporos microscópicos. Em pessoas saudáveis, a doença pode ser leve e até passar despercebida. No entanto, pacientes com imunidade comprometida — como transplantados, pessoas em quimioterapia ou em uso de medicamentos imunossupressores — podem desenvolver quadros graves, com risco de comprometimento pulmonar e sistêmico.
Segundo especialistas, a doença não se transmite diretamente entre pessoas, o que reforça a hipótese ambiental para o surto. A principal medida de contenção é identificar e isolar o foco de contaminação.
Investigações seguem em andamento
A Sesa afirmou que uma força-tarefa trabalha para confirmar o agente causador e orientar medidas de prevenção. A direção do hospital também informou que adotou protocolos de controle de infecção e reforçou a higienização de áreas internas. Profissionais de saúde foram orientados a notificar imediatamente novos casos com sintomas compatíveis.
Enquanto isso, pacientes e familiares têm buscado informações sobre a situação, especialmente sobre riscos de transmissão. Infectologistas reforçam que visitas podem continuar, mas recomendam atenção a sinais como febre persistente, tosse e cansaço, sobretudo entre pessoas vulneráveis.
Próximos passos
Os resultados laboratoriais finais devem ser divulgados nos próximos dias. Caso o fungo seja confirmado, a unidade deverá seguir protocolos semelhantes aos aplicados em surtos de histoplasmose registrados em outras regiões do país, incluindo controle ambiental e tratamento específico antifúngico para pacientes afetados.
A orientação das autoridades é aguardar as conclusões oficiais, que devem guiar a definição de causas, responsabilidades e ações de contenção.
