Sistema de IA usa dados para prever gravidade da dengue e apoiar combate à doença

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Um novo sistema baseado em inteligência artificial promete revolucionar o combate à dengue no Brasil. A solução, desenvolvida por pesquisadores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), com apoio do IEEE (Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos) e da Universidade Tecnológica do Texas, reúne tecnologias de IA preditiva e mapas interativos para identificar focos da doença e antecipar casos graves, ajudando prefeituras e equipes de saúde a agirem com mais eficiência.

O projeto, liderado por Márcio Andrey Teixeira, que também é professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), foi impulsionado pelo cenário alarmante de 2024, quando o Brasil registrou mais de seis mil mortes por dengue e um crescimento de 400% nos casos em relação ao ano anterior. A iniciativa busca não apenas conter o avanço da doença, mas também melhorar a resposta clínica para salvar vidas.

Como funciona a solução

O estudo é dividido em duas frentes principais. A primeira cria um mapa interativo atualizado com dados de infecções em tempo real, permitindo que a população visualize áreas de maior risco e denuncie possíveis focos do mosquito. O acesso será feito por meio de um aplicativo gratuito.

A segunda frente combina inteligência artificial, históricos médicos e dados de atendimentos clínicos para prever a gravidade dos casos. A tecnologia analisa padrões e comportamentos da doença para auxiliar médicos na tomada de decisões rápidas e mais assertivas.

O objetivo é garantir que pacientes com maior risco de agravamento sejam identificados logo nos primeiros atendimentos, evitando complicações e reduzindo o número de internações e mortes.

Testes e primeiros resultados

Os testes práticos começaram em Catanduva (SP), cidade que abriga um campus do IFSP. Em parceria com a prefeitura local, a ferramenta já está sendo utilizada para construir uma base de dados histórica que ajudará na definição de estratégias de combate e prevenção.

A expectativa é que, a partir do segundo semestre de 2025, tanto o aplicativo aberto ao público quanto o sistema de apoio clínico restrito aos médicos estejam plenamente operacionais, fornecendo informações contínuas sobre a incidência da dengue e a evolução da doença em diferentes regiões da cidade.

Expansão planejada para outras cidades

Desenvolvido com foco em replicabilidade, o sistema foi estruturado para ser facilmente adaptado a diferentes municípios brasileiros. O modelo prevê a integração via API com os bancos de dados das secretarias de saúde, permitindo o processamento automático de informações e a rápida identificação de padrões locais da dengue.

Com o cruzamento de dados de diversas regiões, o sistema poderá, no futuro, detectar comportamentos específicos da doença de acordo com variáveis geográficas e sociais, potencializando as campanhas de prevenção em todo o país.

Rigor científico e segurança dos dados

A solução adota inteligência artificial federativa e explicável, respeitando os protocolos internacionais de segurança e transparência exigidos em projetos da área da saúde. A colaboração internacional com a Universidade Tecnológica do Texas e o respaldo do IEEE garantem a validação científica e o cumprimento dos padrões éticos no tratamento dos dados coletados.