Trump tenta demitir diretora do Fed e abala mercados: entenda os impactos

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tentar demitir a diretora do Federal Reserve, Lisa Cook, provocou uma crise institucional sem precedentes e trouxe forte volatilidade aos mercados globais. A medida, anunciada na noite de segunda-feira (25), coloca em xeque a independência do banco central americano e deve desencadear uma batalha judicial com possíveis reflexos na economia mundial.

O que aconteceu

Trump declarou ter “causa suficiente” para afastar Lisa Cook, alegando irregularidades em transações imobiliárias. Em resposta, a diretora afirmou que o presidente não tem autoridade para removê-la e garantiu que permanecerá no cargo. É a primeira vez que um chefe do Executivo americano tenta destituir um membro do Conselho do Fed, abrindo um precedente perigoso para a autonomia da instituição responsável pela política monetária.

Reação dos mercados

Os reflexos foram imediatos: futuros de ações caíram, os rendimentos dos títulos do Tesouro de longo prazo subiram e o índice do dólar recuou. O ouro atingiu o maior patamar em duas semanas, movimento típico em períodos de incerteza. Analistas alertam que o episódio não afeta apenas a condução da política de juros, mas também a credibilidade do sistema financeiro dos EUA.

Por que isso importa

A independência do Federal Reserve é considerada essencial para a estabilidade econômica. Qualquer sinal de interferência política pode minar a confiança dos investidores, alterar expectativas e afetar o fluxo global de capitais. O episódio ocorre em um momento delicado, às vésperas da divulgação de dados importantes de inflação e emprego, e quando o mercado já apostava em um possível corte de juros em setembro.

O que pode acontecer

Especialistas acreditam que a disputa será levada à Justiça, uma vez que a legislação restringe os motivos para a remoção de diretores do Fed. Caso Trump seja impedido, Cook seguirá no cargo até decisão definitiva. Se conseguir efetivar a demissão, o presidente indicará um novo nome, ampliando sua influência nas próximas reuniões do comitê de política monetária. De qualquer forma, a crise já elevou a percepção de risco político nos EUA.

Impactos para o Brasil e outros mercados

A tensão nos Estados Unidos afeta diretamente países emergentes. A queda do dólar pode trazer alívio momentâneo, mas um agravamento da crise tende a provocar fuga de capitais e instabilidade cambial. Setores ligados a commodities e tecnologia devem registrar maior volatilidade. O ouro segue valorizado, enquanto os preços internacionais de matérias-primas podem se manter firmes caso a moeda americana continue enfraquecida.

Próximos passos

Lisa Cook deve acionar a Justiça para garantir sua permanência. O Federal Reserve terá de se pronunciar sobre a governança interna e reafirmar seu calendário de decisões. Enquanto isso, investidores observam com cautela os indicadores econômicos desta semana e ajustam apostas sobre os rumos da taxa de juros americana.

Quem é Lisa Cook?

Lisa Cook é economista, professora e atual diretora do Federal Reserve (Fed), nomeada para o cargo em 2022. Reconhecida por sua atuação em temas como estabilidade financeira e inclusão econômica, Cook foi a primeira mulher negra a integrar o Conselho do Fed, composto por sete diretores. Antes de assumir a função, ela lecionou na Universidade Estadual de Michigan e trabalhou como assessora econômica na Casa Branca durante a administração Obama.

O que é o Federal Reserve (Fed)?

O Federal Reserve, ou simplesmente Fed, é o banco central dos Estados Unidos. Criado em 1913, sua principal função é formular e implementar a política monetária do país, com objetivos de manter a estabilidade de preços, maximizar o emprego e garantir a segurança do sistema financeiro. O Fed também supervisiona instituições bancária