
O rendimento médio dos brasileiros chegou a R$ 3.270 no quarto trimestre de 2024, conforme dados do Dieese. Entretanto, o aumento de 7,5% desde 2022 favoreceu mais os mais ricos. Os 10% com maiores rendimentos tiveram ganhos de R$ 901 mensais, contra apenas R$ 76 dos trabalhadores mais pobres. Quase um terço da população ocupada seguia ganhando até um salário mínimo, enquanto a inflação dos itens básicos superava a média geral. Por isso, especialistas defendem políticas para fortalecer salários, empregos formais e negociação coletiva.
Crescimento real, mas distribuição desigual
Segundo o boletim Emprego em Pauta do Dieese, o rendimento médio mensal das pessoas ocupadas atingiu R$ 3.270 no último trimestre de 2024 – o maior valor já registrado no país. Esse número representa uma alta de 7,5% em relação a 2022.
No entanto, os benefícios do crescimento não foram uniformes. Trabalhadores com menor renda tiveram aumento médio de apenas R$ 76 mensais. Já os 10% que já ganhavam mais tiveram acréscimo de R$ 901 por mês – um ganho 12 vezes maior.
Impacto da inflação e concentração da renda
O levantamento revela que quase um terço dos trabalhadores ganha até um salário mínimo. Ao mesmo tempo, os preços dos itens básicos de consumo subiram mais do que a inflação média, penalizando quem tem baixa renda.
A desigualdade também é corroborada por dados do IBGE, que apontam que os 1% mais ricos têm rendimento mensal domiciliar per capita cerca de 39 vezes maior do que os 40% mais pobres.
Por que isso acontece?
A partir de 2022, a retomada do mercado de trabalho impulsionou o rendimento médio. Mas a recomposição dos salários não foi suficiente para os mais vulneráveis, especialmente diante de uma inflação ainda alta nos itens essenciais, segundo o Dieese.
A estrutura tributária regressiva do Brasil também agrava o quadro: tributos indiretos pesam mais sobre quem ganha menos, aprofundando a desigualdade.
O que especialistas sugerem
O Dieese e economistas recomendam:
- criação de mais empregos formais, com carteira assinada e direitos garantidos
- valorização do salário mínimo como base para remuneração justa
- fortalecimento da negociação coletiva entre trabalhadores e empregadores.
- Essas ações são vistas como caminhos para reduzir a disparidade de ganhos e melhorar as condições de vida dos brasileiros de renda mais baixa.
Contexto internacional e histórico nacional
O rendimento médio real no Brasil, considerando todas as fontes (trabalho, benefícios sociais etc.), atingiu R$ 3.057 em 2024, recorde desde 2012, segundo o IBGE. Mas esse número ainda representa uma distribuição desigual, pois a subida do rendimento não foi uniforme por faixa.
O país permanece entre os mais desiguais do mundo, conforme indicadores como o coeficiente de Gini.
O Brasil vive uma fase de recuperação salarial, com o maior rendimento médio da série histórica. No entanto, aumentos concentrados sobre grupos privilegiados e uma inflação que afeta mais os pobres colocam em xeque a efetividade deste avanço. O combate à desigualdade exige investimento em emprego formal, valorização salarial e justiça tributária.