Quando o Estado faz da morte uma política: a violência como marca de governos de direita e extrema-direita

Rio de Janeiro, Gaza, Caribe, os mortos se empilham e a direita comemora

O que governadores brasileiros de direita, como Claudio Castro (RJ), Zema (MG) e Caiado (GO) têm em comum com Benjamin Netanyahu e Donald Trump: a barbárie como ação política.

A ascensão de governos de direita e extrema-direita ao redor do mundo trouxe consigo um fenômeno inquietante: a normalização da violência de Estado como estratégia política. Não se trata apenas do uso de força para manter a ordem, mas da transformação da violência em discurso, identidade e marca de governo — um instrumento para demonstrar autoridade, fidelizar bases eleitorais e silenciar opositores.

A lógica é clara: se o Estado mata “o inimigo”, a violência não é um crime — é uma virtude.

Estados Unidos: a doutrina da eliminação no combate ao “inimigo interno e externo”

Sob Donald Trump, políticas de segurança foram marcadas pela ampliação do uso de força letal nas fronteiras terrestres e marítimas. Operações contra embarcações suspeitas no Caribe e no Pacífico passaram a priorizar a neutralização imediata, frequentemente resultando em mortes antes de investigações ou julgamentos.
Ao mesmo tempo, a retórica anti-imigração transformou latino-americanos em um alvo político permanente — apresentados como ameaça civilizacional. Quando se desumaniza um grupo, punir, prender ou matar deixa de chocar. Esse é o objetivo.

Gaza: Netanyahu e o laboratório contemporâneo da violência de Estado

Em Gaza, o governo de Benjamin Netanyahu conduz uma ofensiva denunciada por especialistas da ONU, organizações humanitárias e juristas internacionais como genocídio. O bloqueio de água, alimentos e medicamentos, combinado com bombardeios que atingem massivamente civis, cria um quadro em que a morte se torna instrumento de controle territorial e político.

Israel apresenta essas ações como combate ao Hamas. Contudo, quando mulheres e crianças compõem a maioria das vítimas, a justificativa oficial entra em choque com o resultado concreto. A violência deixa de ser exceção e se converte em método.

Brasil: o Rio de Janeiro como vitrine da letalidade policial

No Brasil, a política de segurança do governo Cláudio Castro no Rio de Janeiro elevou as operações policiais a símbolo de autoridade. Em uma das ações mais letais da história do estado, mais de 120 pessoas morreram sob a narrativa de combate ao “narcoterrorismo”.
Relatórios de organizações de direitos humanos apontam para possível uso desproporcional de força e ausência de investigação adequada das mortes.

Assim como em outros países, constrói-se a figura do “inimigo interno” — geralmente jovem, pobre e negro — cuja morte é socialmente tolerada, quando não celebrada.

O padrão que se repete

Há um fio que une todos esses cenários:

  • Identificação de grupos considerados descartáveis;
  • Justificativa moral para a eliminação física;
  • Publicidade da violência como demonstração de força.

Quando a vida do outro vale menos, o assassinato se torna política de Estado.

Conclusão: a barbárie não é erro — é projeto

A violência não é acidente nem falha operacional.
Ela é projeto.
Ela é método.
Ela é linguagem de poder.

Governos de direita e extrema-direita utilizam a morte não apenas para controlar territórios ou combater o crime, mas para construir sentido político, reafirmar autoridade e definir quem merece viver — e quem pode morrer.

E toda vez que uma sociedade aceita esse discurso, ela passa a autorizar, mesmo em silêncio, a expansão da barbárie.