A dificuldade para fazer amigos pode ser o primeiro sinal de que algo não vai bem com o desenvolvimento social da criança. Neste Dia do Amigo, comemorado no Brasil em 20 de julho, especialistas alertam para a importância de observar como os pequenos se relacionam com outras crianças.
A data foi criada pelo filósofo argentino Enrique Ernesto, que se inspirou na chegada do homem à lua, em 20 de julho de 1969. Segundo ele, o marco representava também uma oportunidade de fazer amigos em outras partes do universo.
Amizade: O Primeiro Laboratório Social
Embora as crianças possam começar a formar amizades a partir dos 3 anos, a profundidade e complexidade dessas relações aumentam significativamente à medida que elas crescem, explica Daniele Buzatto Souza, coordenadora do Curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, em Linhares (ES).
As primeiras amizades funcionam como um laboratório social natural. As interações com amigos ajudam a desenvolver habilidades sociais importantes, como compartilhar, trabalhar em equipe e respeitar diferenças. É através da brincadeira que as crianças aprendem regras básicas de convivência.
Além disso, ter amigos ajuda as crianças a desenvolverem habilidades essenciais como empatia, comunicação e resolução de conflitos, além de construir autoestima e confiança. Estudos mostram que desenvolver amizades na infância estimula o desenvolvimento de características como: sociabilidade, autonomia e altruísmo, além de reduzir comportamentos negativos.
Quando a Solidão Preocupa
No entanto, nem todas as crianças conseguem estabelecer vínculos facilmente. Caso os pais e responsáveis pelo pequeno observem dificuldade em fazer amigos pode ser um indicativo de problemas subjacentes que precisam ser abordados.
Os especialistas listam algumas condições que podem impactar na capacidade de uma criança fazer amigos:
Transtorno do Espectro Autista (TEA): Crianças com TEA podem ter dificuldades em compreender e responder a sinais sociais, o que pode dificultar a interação com os pares.
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): Crianças com TDAH podem ter dificuldades em manter a atenção e controlar impulsos, o que pode afetar negativamente as interações sociais.
Ansiedade Social: Crianças que sofrem de ansiedade social podem sentir medo intenso de serem julgadas ou rejeitadas, o que pode levar à evitação de situações sociais.
Problemas de Autoestima: Baixa autoestima pode ser tanto uma causa quanto uma consequência da dificuldade em fazer amigos.
O Ambiente Que Influencia
O contexto familiar e escolar também desempenha papel crucial. Pais superprotetores ou negligentes podem impactar negativamente o desenvolvimento social da criança. Da mesma forma, experiências de bullying na escola podem levar a uma aversão a interações sociais e dificuldades em formar amizades.
Há miúdos que são tímidos e ansiosos e, por isso, ficam mais isolados. Outros têm dificuldades sociais que os afasta dos colegas. Por isso, a observação atenta dos pais faz toda a diferença.
Sinais de Alerta
Pais que suspeitam que os filhos tenham sintomas de algum distúrbio psicológico devem procurar o psicólogo de imediato. O tratamento tende a ser menos penoso para os pacientes quando o diagnóstico precoce é feito.
Até certo ponto, alterações de humor, problemas com os amigos e familiares, ansiedade e dificuldades na escola são normais. Contudo, quando esses comportamentos se tornam persistentes e interferem na rotina da criança, é momento de buscar ajuda profissional.
Onde Buscar Ajuda
Para famílias que percebem dificuldades sociais em suas crianças, existe apoio disponível. A Faculdade Anhanguera de Linhares possui um Serviço Escola de Psicologia, que realiza atendimentos clínicos, psicoterápicos e psicodiagnósticos por um valor social, a partir dos 06 anos.
Algumas crianças podem ter dificuldades acentuadas em entender e expressar emoções, o que pode dificultar a formação de laços com os pares. Por isso, é importante que pais, educadores e profissionais de saúde estejam atentos e ofereçam o suporte necessário.
A Base Para o Futuro
Especialistas ressaltam que ter relações de amizade é importante desde a infância. Amigos oferecem suporte emocional, proporcionando conforto e segurança em momentos difíceis, e estimulam o desenvolvimento cognitivo por meio de jogos e atividades em grupo.
É muito importante que seu filho crie laços afetivos desde o período da infância e desenvolva um senso de empatia que o ajudará a ser um cidadão de respeito. Afinal, as amizades são relações para o resto da vida.
O Dia do Amigo serve como lembrete de que a capacidade de se conectar com outros é uma habilidade que se desenvolve desde cedo. Portanto, observar, apoiar e, quando necessário, buscar ajuda profissional são atitudes que podem fazer toda a diferença no desenvolvimento social saudável das crianças.
