O setor florestal do Brasil — abrangendo silvicultura e extração vegetal — registrou desempenho recorde em 2024. O valor da produção florestal chegou a R$ 44,3 bilhões, com alta de 16,7% em relação a 2023.
Desse total, R$ 37,2 bilhões (84,1 %) referem-se à silvicultura — isto é, cultivos manejados e plantios — enquanto R$ 7,0 bilhões (15,9 %) provêm da extração vegetal em áreas naturais. A extração vegetal cresceu 13,0 % no ano.
Mas o Espírito Santo não seguiu essa tendência nacional. Nos dados estaduais, o valor da produção florestal capixaba em 2024 atingiu R$ 976,9 milhões — queda de 3,3 % em comparação a 2023. A silvicultura no estado representou R$ 971,6 milhões, com recuo de 3,6 %. Já a extração vegetal, apesar de pequena em termos absolutos, teve forte salto de 302 %, alcançando R$ 5,3 milhões.
O que impulsionou o crescimento nacional

Vários fatores explicam o avanço da produção florestal no país em 2024:
- A alta nos preços da celulose elevou o valor da produção de madeira em tora destinada à indústria de papel e celulose em 28,0 %.
- Houve expansão de 2,2 % na área plantada de florestas comerciais no Brasil, com acréscimo de 217,8 mil hectares, totalizando 9,9 milhões de hectares.
- Entre as espécies cultivadas, o eucalipto e o pinus dominaram, juntas representando 96,2 % da área total de silvicultura comercial.
- O desempenho foi uniforme: em todos os grupos madeireiros da silvicultura — madeira para papel e celulose, madeira para outras finalidades, carvão vegetal e lenha — houve crescimento no valor.
- Na esfera das exportações, o Brasil seguiu sendo protagonista: em 2024 foram exportadas 19,7 milhões de toneladas de celulose, gerando US$ 10,6 bilhões, alta de 33,2 % frente a 2023.
Esse cenário reforça uma tendência de médio prazo: plantar árvores em áreas manejadas superou, em rentabilidade, a extração de madeira em florestas naturais.
Espírito Santo: recuo e desafios locais
O desempenho capixaba chama atenção por contrariar o movimento nacional. Algumas pistas ajudam a entender esse comportamento:
- A redução na produção de carvão vegetal e lenha, insumos tradicionalmente importantes para o estado, foi expressiva: o carvão caiu 8,8 %, enquanto a lenha recuou 9,8 %.
- A madeira em tora para celulose — que responde por 76,5 % do valor da silvicultura no estado — teve queda de 0,1 % em volume, embora o valor tenha sido mantido.
- Outros segmentos da silvicultura também sentiram o baque: a madeira em tora para finalidades não industriais caiu 11,1 % no ES.
- O Espírito Santo figura entre os estados de menor expressão florestal: são 265,2 mil hectares em silvicultura, ocupando a 9ª posição nacional. Desse total, 98,9 % são de eucalipto.
- Os municípios com maiores áreas plantadas no estado são Conceição da Barra, São Mateus e Aracruz.
Esses números sinalizam que o Espírito Santo enfrenta limitações regionais — seja no acesso a mercados, logística ou escala de produção — que o impedem de aproveitar integralmente o momento favorável do setor florestal nacional.
Panorama regional e implicações
No Brasil, a expansão da produção florestal concentrou-se sobretudo nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Minas Gerais liderou no valor da produção, com R$ 8,5 bilhões em silvicultura. O Paraná figurou em segundo lugar, com R$ 6,3 bilhões.
Já o Espírito Santo, mesmo com queda, mantém certa relevância entre os setores florestais nacionais. No entanto, o recuo demanda atenção: políticas públicas estaduais, incentivos à indústria de base florestal, melhoria logística e programas de suporte à readequação tecnológica podem ser estratégias para retomar ritmo.
Enquanto o Brasil vivencia um momento de expansão robusta nos setores de silvicultura e extração vegetal, com recordes em valores de produção, o Espírito Santo se destaca como exceção — com queda no seu valor estadual. O contraste evidencia que nem todos os estados estão igualmente preparados para surfar essa onda favorável. Para que o Espírito Santo recupere espaço no cenário florestal nacional, será necessário investimento em escala, inovação, infraestrutura e políticas locais que estimulem a competitividade do segmento.
