Turismo volta a pressionar o orçamento das famílias, especialmente nas viagens de final de ano.
A prévia da inflação brasileira em novembro ficou em 0,20%, ligeiramente acima da taxa de outubro (0,18%). O resultado, medido pelo IPCA-15, mostra um cenário de estabilidade, mas com pressões localizadas — especialmente em despesas pessoais, transportes e serviços, setores que tradicionalmente ganham força com a chegada do fim do ano.
Despesas pessoais puxam a alta
O grupo Despesas pessoais foi o que mais influenciou o índice, com alta de 0,85% e impacto de 0,09 ponto percentual no IPCA-15. Dentro dele, os itens hospedagem e pacotes turísticos registraram altas significativas, refletindo a demanda crescente por viagens e lazer.
- Hospedagem: +4,18%
- Pacotes turísticos: +3,90%
Esses movimentos indicam que o turismo segue como um dos principais fatores de pressão, especialmente no período pré-festas e férias.
Transportes oscilam: passagens sobem, combustíveis caem
O grupo Transportes subiu 0,22%. A maior influência individual do mês veio das passagens aéreas, que avançaram 11,87%, adicionando 0,08 p.p. ao índice geral. Por outro lado, os combustíveis apresentaram recuo:
- Gasolina: -0,48%
- Etanol: -0,54%
- Diesel: -0,07%
- Gás veicular: +0,20%
Essa combinação indica alívio parcial no custo de abastecimento, mas o avanço das tarifas aéreas neutralizou parte desse efeito.
Saúde avança; alimentação ainda mostra alívio dentro de casa
O grupo Saúde e cuidados pessoais registrou alta de 0,29%, influenciado pelo reajuste de planos de saúde (+0,50%).
Já Alimentação e bebidas avançou 0,09%, após cinco meses consecutivos de recuo. Os alimentos consumidos em casa tiveram queda de –0,15%, com reduções expressivas em produtos importantes:
- Leite longa vida: –3,29%
- Arroz: –3,10%
- Frutas: –1,60%
Entretanto, itens como batata inglesa (+11,47%), óleo de soja (+4,29%) e carnes (+0,68%) pressionaram o grupo. A alimentação fora do domicílio ficou mais cara, com alta de 0,68%.
Habitação desacelera
O grupo Habitação teve variação de 0,09%, abaixo da registrada no mês anterior. A energia elétrica residencial apresentou queda mais branda que a observada em outubro, enquanto condomínio e aluguel avançaram.
Panorama acumulado: inflação mais baixa nos últimos 12 meses
No ano, o IPCA-15 acumula alta de 4,15%. Em 12 meses, a variação é de 4,50%, abaixo dos 4,94% registrados no período imediatamente anterior. O resultado confirma uma tendência de desaceleração, embora setores ligados a serviços continuem pressionando a inflação mensal.
O que esperar
À medida que o fim do ano se aproxima, serviços ligados ao turismo e ao consumo sazonal tendem a ganhar força. O comportamento dos alimentos, energia e combustíveis continuará determinante para a inflação geral. Embora o índice de novembro não indique uma pressão espalhada, alguns segmentos seguem sensíveis à demanda e à sazonalidade.
