
A Polícia Federal abriu investigação para apurar a contaminação de bebidas alcoólicas por metanol em São Paulo. Desde o início de setembro, foram registrados nove casos suspeitos, com três mortes confirmadas em apuração — duas em São Bernardo do Campo e uma na capital.
A Secretaria de Saúde do município acompanha 14 casos notificados, e a Vigilância Sanitária intensificou a fiscalização em bares e adegas. Em operações recentes, 117 garrafas sem comprovação de origem foram apreendidas na Mooca e nos Jardins, e dois estabelecimentos foram autuados.
O padrão dos episódios chama a atenção por envolver bebidas vendidas em ambientes formais, como bares e adegas, e não apenas em produtos clandestinos. Há suspeitas de ligação entre a adulteração e redes criminosas que utilizariam metanol originalmente destinado à adulteração de combustíveis.
Em um dos episódios investigados, um grupo de jovens consumiu gin importado misturado com energético. Após a ingestão, uma das vítimas entrou em coma, outras apresentaram cegueira temporária e sequelas neurológicas.
O metanol é um álcool de uso industrial, altamente tóxico quando ingerido. No organismo, é metabolizado em substâncias capazes de provocar danos graves ao sistema nervoso central e ao nervo óptico. Os sintomas podem surgir de 40 minutos a 72 horas após a ingestão e incluem náuseas, vômitos, dor abdominal, visão turva, perda de visão, convulsões e coma. Muitas vezes, o quadro inicial se confunde com os efeitos do álcool comum, atrasando o diagnóstico.
O tratamento exige atendimento hospitalar imediato, uso de antídotos específicos e, em casos graves, hemodiálise. Autoridades de saúde recomendam que a população compre apenas bebidas com rótulo, lacre original e selo fiscal, além de buscar ajuda médica urgente em caso de sintomas suspeitos após o consumo.
O governo federal instituiu protocolo de emergência para lidar com os casos, reforçou canais de atendimento como o Disque-Intoxicação da Anvisa e determinou a intensificação das inspeções. A Polícia Federal agora trabalha para identificar a origem da contaminação e possíveis redes de distribuição envolvidas.