O que falta para a Palestina ser um país de fato

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Palestina na ONU: um caminho intrincado para o reconhecimento pleno.

A questão do reconhecimento da Palestina como membro pleno das Nações Unidas reacende debates globais, à medida que a comunidade internacional busca soluções para um dos conflitos mais duradouros da história contemporânea. A despeito do apoio crescente de diversas nações, o caminho para o status de Estado-membro no Conselho de Segurança da ONU é complexo e permeado por vetos políticos.

Atualmente, a Palestina possui o status de “estado observador não-membro”, uma condição alcançada em 2012 que lhe confere voz, mas não poder de voto nas decisões da Assembleia Geral. Para se tornar um membro pleno, a Palestina necessitaria de uma recomendação positiva do Conselho de Segurança, que exige nove votos favoráveis e nenhum veto de seus membros permanentes: Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China. Embora haja um histórico de apoio de alguns desses membros à causa palestina, o veto dos Estados Unidos, aliado tradicional de Israel, tem sido um obstáculo persistente. Em abril de 2024, por exemplo, os EUA vetaram uma proposta de resolução que recomendava o reconhecimento pleno da Palestina.

O processo de admissão na ONU é delineado pela Carta da organização. Primeiramente, o Estado solicitante deve enviar uma carta ao Secretário-Geral, que a encaminha ao Conselho de Segurança. O Conselho, por sua vez, examina a candidatura e, se a aprovar, a submete à Assembleia Geral. É na Assembleia que, com uma votação de dois terços dos membros presentes e votantes, a admissão é finalmente confirmada. A diplomacia palestina, liderada pelo presidente Mahmoud Abbas, tem intensificado os esforços para angariar apoio internacional, buscando reverter a posição de países que ainda se mostram reticentes.

Contudo, a busca pelo reconhecimento pleno vai além das salas da ONU. Paralelamente, a Autoridade Palestina enfrenta desafios internos e externos, incluindo a fragmentação política, a ocupação israelense e a necessidade de consolidar instituições estatais efetivas. A pressão por um Estado palestino soberano e viável, com Jerusalém Oriental como capital, continua a ser um ponto central nas negociações de paz, ainda que estagnadas. A comunidade internacional reconhece a solução de dois Estados como a base para uma paz duradoura na região, mas a implementação dessa visão permanece um horizonte distante.

Diante desse cenário, a articulação diplomática se mostra crucial. A cada nova tentativa de ascender ao status de membro pleno, a Palestina reafirma sua aspiração por soberania e seu direito a um lugar igualitário entre as nações do mundo. A persistência na busca pelo reconhecimento na ONU, portanto, não é apenas um ato político, mas um símbolo da luta por autodeterminação de um povo que anseia por paz e justiça.