O perigo de um acordo fragilizado: o risco de retorno dos conflitos em Gaza

Menos de uma semana após o anúncio do cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos, Egito e Catar, o acordo entre Israel e o Hamas já enfrenta sérios desafios que ameaçam sua continuidade. A situação na Faixa de Gaza permanece volátil, com ações de ambos os lados que podem facilmente descarrilar o processo de paz.

Um dos problemas é a falta de arbitragem neutra para acompanhar o cumprimento do acordo. Israel decide os passos e sanciona como bem entende. Ao mesmo tempo, o presidente americano, Donald Trump continua afirmando que a paz será mantida enquanto ameaça usar a força para desarmar o Hamas.

Atraso na entrega de restos mortais e restrição à ajuda humanitária

Um dos principais pontos de tensão é o atraso na entrega dos restos mortais de reféns israelenses pelo Hamas. Israel, alegando descumprimento do acordo por parte do grupo palestino, anunciou que reduzirá pela metade o número de caminhões de ajuda humanitária permitidos a entrar em Gaza, passando de 600 para 300 por dia. Além disso, o ingresso de combustível e gás será restrito a casos específicos.

Organizações internacionais, como a ONU e a Cruz Vermelha, alertam que essa limitação é insuficiente para atender às necessidades urgentes da população gazatiana. A escassez de recursos pode agravar ainda mais a crise humanitária na região.

Violência recorrente e acusações de violação do cessar-fogo

Apesar do acordo, a violência persiste. Recentemente, forças israelenses mataram pelo menos cinco palestinos em Gaza, acusando-os de cruzar a “zona amarela”, uma área de segurança estabelecida conforme o cessar-fogo. O Hamas denunciou o incidente como uma violação do acordo e pediu supervisão internacional para garantir o cumprimento das condições estabelecidas.

Desafios políticos e condições para a paz duradoura

O plano de paz proposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, inclui 20 pontos que abrangem desde o cessar-fogo até o desarmamento do Hamas e a criação de um governo de transição em Gaza. No entanto, o Hamas rejeitou a ideia de desarmamento e insistiu em manter o controle sobre Gaza, embora esteja disposto a permitir a participação de tecnocratas palestinos na administração local.

Enquanto isso, o governo israelense, liderado por Benjamin Netanyahu, afirma que o Hamas deve desarmar-se para que o cessar-fogo seja sustentável. O mesmo discurso de Trump. A falta de consenso sobre questões fundamentais, como o desarmamento e a governança de Gaza, continua sendo um obstáculo significativo para a paz duradoura.

O risco de o acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas desmoronar é iminente. A combinação de ações unilaterais, como a redução da ajuda humanitária e ataques militares, juntamente com desacordos políticos profundos, cria um ambiente propício para o retorno dos conflitos. Sem um compromisso genuíno de ambas as partes e da comunidade internacional para garantir o cumprimento dos termos acordados, a paz em Gaza permanece distante.