O bolsonarismo deve pagar a conta do tarifaço de Trump

A parceria que ataca a economia brasileira

Bolsonaro deve ser responsabilizado pelos prejuízo causado aos brasileiros.

A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos às importações brasileiras, anunciada pelo presidente Donald Trump no dia 9 de julho de 2025, tem efeito imediato sobre a economia nacional: encarece exportações, prejudica setores produtivos e desestabiliza o comércio bilateral entre dois grandes parceiros históricos. Mas o que precisa ser dito, com clareza, é que quem deve pagar a conta política dessa retaliação é o bolsonarismo.

Não foi por acaso que Trump mirou o Brasil com uma das maiores tarifas já aplicadas unilateralmente por Washington. O motivo foi explícito: pressionar o governo Lula a interromper a investigação e possível prisão de Jair Bolsonaro, acusado de ser o mentor dos ataques golpistas aos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Em declaração pública, Trump classificou o processo contra seu aliado como “perseguição política”. A tarifa, portanto, não tem natureza econômica — é um instrumento de chantagem política internacional.

Eduardo Bolsonaro articula dos EUA ações contra o governo brasileiro

Uma interferência que nasce no 8 de janeiro

A origem dessa crise comercial está nas ações do bolsonarismo: a tentativa de golpe, o incentivo a teorias conspiratórias, a sabotagem eleitoral e a radicalização antidemocrática. Foi o filho de Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, quem, declaradamente, se foi morar nos EUA para construir uma aliança ideológica com Trump, replicando estratégias golpistas e narrativas falsas sobre fraudes eleitorais. Cansou de fazer vídeos informando o que estava fazendo nos Estados Unidos e os objetivos que queria alcançar. Agora, o Brasil inteiro paga a conta de um projeto político que colocou em risco a democracia.

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Trump, por sua vez, vê em Bolsonaro um espelho — e sua defesa, um ato de autopreservação. Ambos enfrentam processos por tentativa de subversão institucional. Ambos têm seguidores extremistas. Ambos apostam no caos como método de governo. Ao transformar uma disputa judicial brasileira em argumento para sanções econômicas, Trump joga gasolina num incêndio iniciado pelo próprio bolsonarismo.

Setores produtivos já sentem o baque

As reações do mercado foram imediatas: quedas nas ações da Petrobras e da Embraer, desvalorização do real e preocupação de exportadores de carne, soja, minério de ferro e aeronaves. Os EUA são o segundo maior destino das exportações brasileiras — só em 2024, o comércio bilateral movimentou mais de US$ 100 bilhões. A tarifa de 50% pode comprometer milhares de empregos e afetar o PIB.

E por que isso está acontecendo? Porque um grupo político sabotou as instituições brasileiras, mentiu sobre as eleições e agora tenta se blindar usando um presidente estrangeiro. O bolsonarismo não apenas flertou com a ruptura democrática — ele se aliou a quem ameaça a soberania nacional em nome de interesses pessoais.

O bolsonarismo rompeu o pacto com o Brasil

É hora de cobrar responsabilidade. O bolsonarismo sempre se apresentou como defensor da pátria, da economia e da soberania. Mas, diante do ataque explícito de Trump à autonomia do Brasil, silencia ou aplaude. Em nome de Bolsonaro, estão dispostos a aceitar até interferência estrangeira em decisões internas da Justiça brasileira.

Se os setores que sempre apoiaram o bolsonarismo — agronegócio, indústria, base evangélica e empresários conservadores — não se posicionarem com firmeza contra essa chantagem, serão cúmplices das perdas econômicas e diplomáticas que se avizinham. Será que irão em eventos de apoio a Bolsonaro enquanto suas empresas quebram e seus funcionários perdem os empregos?

O Brasil tem alternativas

O governo Lula já anunciou retaliação proporcional. A diplomacia brasileira busca articulações com a União Europeia, China e países do Sul Global para fortalecer laços comerciais. Mais do que nunca, o país precisa diversificar mercados e proteger sua soberania.

Mas, antes disso, é preciso ajustar as contas internas: o bolsonarismo deve responder por colocar o Brasil nesse cenário de constrangimento internacional, por acender a fagulha que Trump agora explora, e por ter corroído a imagem democrática do país no exterior.