Nova espécie de rã é identificada em bromélias da Mata Atlântica no Espírito Santo

Pesquisadores descobriram Crossodactylodes alairi, uma nova espécie de rã pequena que vive exclusivamente em bromélias no Parque Estadual do Forno Grande, no município de Castelo (ES). O trabalho foi conduzido por Marcus Thadeu T. Santos, da UNESP, e incluiu expedições de campo, análises morfológicas e o sequenciamento de dez fragmentos gênicos para confirmar que se trata de um animal distinto de outros de seu grupo..

As coletas começaram há mais de uma década e envolveram duas expedições ao parque para obtenção de amostras mais representativas. O pesquisador realizou medições anatômicas detalhadas e comparou-as com espécies conhecidas. A partir do sequenciamento, foi possível diferenciar Crossodactylodes alairi dentro do gênero com base em delimitação robusta de espécies..

Essa espécie é endêmica, de pequeno porte, e habita ambientes isolados — verdadeiras “ilhas” frias e úmidas em altitudes elevadas da Mata Atlântica, onde bromélias são o habitat exclusivo Esses microambientes se formam nos gradientes altitudinais do parque, favorecendo alta diversidade biológica.

O Parque Estadual do Forno Grande ocupa cerca de 913 hectares em Castelo (ES) e reúne altitudes que chegam a 2.039 metros no Pico do Forno Grande. A vegetação predominante é floresta ombrófila densa de montanha, com variedade significativa de microambientes propícios à biodiversidade endêmica.

O IEMA (Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos) confirmou a descoberta através de sua página institucional, divulgando a validade científica da nova espécie e ressaltando a urgência de preservar os remanescentes da Mata Atlântica de altitude, ainda pouco explorados cientificamente.

Contexto e importância

A descoberta reforça o papel do Parque como refúgio de espécies ainda desconhecidas da ciência. O altíssimo grau de endemismo aliado à fragilidade dos fragmentos florestais destaca a necessidade de estudos adicionais e de estratégias de conservação eficazes. Menos de 10% da Mata Atlântica permanece preservada, e unidades como o Forno Grande são fundamentais para garantir a sobrevivência dessas formas de vida pouco conhecidas.

Até o momento não há avaliação oficial de conservação para Crossodactylodes alairi, mas dada sua ocorrência restrita, pode ser suscetível a ameaças como mudanças climáticas, incêndios e pressões antrópicas. A pesquisa demonstra como o sequenciamento de DNA, combinado com expedições de campo, é essencial para empreendimentos de conservação baseados em ciência sólida.