Apenas 45% das mulheres adotam sobrenome do marido no casamento no ES. Dados dos cartórios capixabas revelam mudança de comportamento em relação à tradição de alterar o nome após o matrimônio
As mulheres do Espírito Santo estão abandonando a tradição de adotar o sobrenome do marido. Levantamento dos Cartórios de Registro Civil mostra que apenas 45% das noivas modificaram o nome em 2024, o menor índice desde 2003.
Naquele ano, quando entrou em vigor o novo Código Civil, 74,8% das mulheres incluíam o sobrenome do cônjuge. A diferença representa uma queda de quase 30 pontos percentuais em duas décadas.
Números mostram inversão de tendência
Em 2024, o estado registrou 22.975 casamentos. Desse total, 9.705 mulheres adotaram o sobrenome do marido. Em contrapartida, 11.233 casais optaram por manter os nomes de solteiro – o que representa 49,3% dos matrimônios.
A comparação com 2003 evidencia a transformação. Naquele ano, foram realizados 18.239 casamentos, com 13.648 mulheres adotando o sobrenome masculino. A manutenção dos nomes originais acontecia em apenas 21% das celebrações, totalizando 3.856 casos.
Homens seguem distantes da mudança
A possibilidade de o homem adotar o sobrenome da mulher, introduzida pelo Código Civil de 2002, não ganhou adesão. Em 2003, isso ocorreu em 917 casamentos. No ano passado, o número caiu para 220 – apenas 1% do total.
A opção de ambos os cônjuges incluírem sobrenomes um do outro também permanece estável. Em 2003, representava 8,7% dos casamentos (1.591 casos). Em 2024, a taxa ficou em 8,5% (1.816 casos).
Lei facilita alterações posteriores
A Lei Federal nº 14.382/22 simplificou as mudanças de sobrenome. Agora é possível incluir sobrenomes familiares a qualquer momento, mediante comprovação de vínculo. A norma também permite adicionar ou excluir sobrenomes em razão de casamento ou divórcio.
Filhos podem acrescentar sobrenomes quando os pais alteram os próprios nomes.
Autonomia feminina reflete nas escolhas
Fabiana Aurich, vice-presidente do Sindicato dos Notários e Registradores do Espírito Santo (Sinoreg-ES), atribui a mudança à transformação do papel da mulher na sociedade.
Os dados foram compilados pela entidade com base nas informações dos quase 200 Cartórios de Registro Civil do estado, disponíveis na Central Nacional de Informações do Registro Civil.
