Março Lilás: é preciso intensificar a vacinação contra HPV para prevenir o câncer de colo de útero

Pesquisa revela baixa adesão à vacina, apesar do conhecimento sobre sua eficácia na prevenção da doença

O câncer de colo de útero, terceiro tumor mais comum entre mulheres no mundo, mata cerca de 6 mil brasileiras por ano. A vacinação contra o HPV, principal forma de prevenção, ainda enfrenta baixa adesão, apesar da conscientização sobre sua importância.

Uma pesquisa do A.C.Camargo Cancer Center revela que apenas 49% dos jovens brasileiros sabem que a vacina contra o HPV previne o câncer de colo de útero. Além disso, 25% acreditam que a vacina é exclusiva para mulheres, ignorando sua importância na proteção masculina e na prevenção de outros tipos de câncer.

Vacinação gratuita

O câncer de colo de útero, causado pelo HPV, é uma das principais causas de morte entre mulheres na América Latina e Caribe. Apesar da vacina gratuita disponível no SUS há 11 anos, a adesão ainda é baixa. Nesse sentido, a pesquisa do A.C.Camargo Cancer Center, em parceria com a Nexus, entrevistou 2 mil pessoas e revelou dados preocupantes sobre o conhecimento e a adesão à vacinação.

Segundo o Dr. Glauco Baiocchi, cirurgião oncológico do A.C.Camargo, a vacinação entre 11 e 14 anos é a mais eficaz. “A imunização nessa faixa etária garante maior produção de anticorpos e menor exposição ao vírus”, explica. Além disso, a vacina protege contra outros tipos de câncer, como o de ânus, vulva, vagina, pênis e orofaringe.

A vacina HPV4, disponível no SUS, protege contra quatro subtipos do HPV, com eficácia de 70% na prevenção do câncer de colo de útero. Já a HPV9, disponível na rede privada, oferece proteção de 90%. “Ambas as vacinas são importantes ferramentas na prevenção”, ressalta o médico.

O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para aumentar as chances de sobrevida. O A.C.Camargo, referência no tratamento de câncer, registrou um aumento na taxa de sobrevida de pacientes com câncer de colo de útero, passando de 69,9% em 2000 para 91,5% em 2022.

“Além da vacinação, o uso de preservativos, exames de rastreamento e tratamento de lesões precursoras são essenciais na prevenção”, destaca o Dr. Glauco Baiocchi. Ele também alerta para sinais como sangramento vaginal anormal, que exigem avaliação médica.