Lula anuncia Plano Safra 2025/2026 com R$ 516,2 bilhões e foco ambiental

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O governo federal lançou nesta terça-feira, 1º de julho, o Plano Safra da Agricultura Empresarial 2025/2026. Ao todo, serão disponibilizados R$ 516,2 bilhões em crédito para produtores rurais de médio e grande porte, cooperativas e empresas do agronegócio. O valor é o maior da história do programa, com acréscimo de R$ 8 bilhões em relação à edição anterior.

O anúncio foi feito durante cerimônia no Palácio do Planalto com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Fernando Haddad (Fazenda). Na ocasião, o governo reforçou o compromisso com a produtividade agrícola, mas destacou a necessidade de avançar com práticas sustentáveis no campo.

Do total anunciado, R$ 414,7 bilhões são destinados às linhas de custeio e comercialização e R$ 101,5 bilhões para investimento em infraestrutura rural, compra de máquinas, melhoria genética, armazenagem e irrigação. Também está previsto um aporte de R$ 69,1 bilhões para o Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural).

Os juros variam entre 8,5% e 14% ao ano, dependendo da linha de crédito e do perfil do tomador. Produtores enquadrados no Pronamp poderão contratar financiamentos com taxa de 10% ao ano. A taxa básica de juros (Selic) atualmente em 15% influenciou a elevação das taxas do crédito rural.

Uma das novidades da nova edição é a exigência do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) como condição para liberação de financiamento de custeio. A medida visa reduzir perdas causadas por eventos extremos e garantir maior previsibilidade na produção. O plano também prevê financiamento para sementes florestais, reflorestamento de áreas degradadas e uso de culturas de cobertura.

A linha do Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira) também foi ampliada, com orçamento de R$ 7,2 bilhões. Pela primeira vez, agricultores do Pronaf e Pronamp terão acesso aos recursos do fundo. Já o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) aumentará o limite de capacidade financiada por projeto de 6 mil para 12 mil toneladas.

O presidente Lula afirmou que é possível crescer no campo sem abrir novas fronteiras agrícolas, recuperando áreas degradadas e adotando práticas regenerativas. “Precisamos de mais produtividade e, ao mesmo tempo, de mais responsabilidade com o solo, com a água e com as futuras gerações”, disse.

O ministro Carlos Fávaro definiu o plano como um “golaço” diante das restrições fiscais e do patamar elevado da taxa de juros. Para ele, o volume recorde de crédito mostra o empenho do governo em manter o Brasil como um dos principais fornecedores de alimentos do mundo, com ênfase na preservação ambiental.

Além do crédito, o plano abre espaço para renegociação de dívidas de safras anteriores, em especial para produtores que enfrentaram perdas climáticas. Também haverá maior flexibilidade para antecipação de insumos, com possibilidade de financiar rações e medicamentos até 180 dias antes da formalização do contrato de custeio.

Com a nova edição, o governo tenta consolidar um modelo de desenvolvimento rural mais técnico, ambientalmente responsável e voltado à segurança alimentar interna e às exportações. A expectativa é que o crédito incentive o uso de tecnologias de precisão, insumos biológicos e práticas de baixo impacto ambiental.