Prévia do IBGE mostra alívio no bolso brasileiro: depois de passar a maior parte do ano no vermelho, índice fecha em 4,41% e acalma mercado.
A notícia chegou como um presente de fim de ano para quem acompanha os preços no supermercado: a inflação brasileira vai encerrar 2025 dentro da meta estabelecida pelo governo. Pelo menos é o que indica a prévia divulgada pelo IBGE nesta terça-feira, 23 de dezembro. O IPCA-15, considerado o termômetro antecipado da inflação oficial, registrou alta de 0,25% em dezembro, levando o acumulado dos últimos 12 meses para 4,41%.
Pode não parecer uma celebração à primeira vista, mas esse número traz um alívio importante. A meta de inflação do país é de 3% ao ano, com uma margem de tolerância que vai até 4,5%. Ou seja, 4,41% significa que os preços ficaram dentro do limite, ainda que arranhando o teto permitido.
O caminho até aqui não foi tranquilo. Durante quase todo o ano, a inflação medida pelo IPCA-15 ficou acima da banda de tolerância. Janeiro abriu com números desconfortáveis, e em abril a situação chegou ao pico: 5,49%. Foi só em novembro que o índice voltou para dentro da margem, marcando 4,5%. Agora, dezembro confirma a tendência de arrefecimento.
A conta de luz pesou no bolso
Quando se olha o que realmente pressionou os gastos das famílias brasileiras ao longo de 2025, um item se destaca: a conta de luz. O grupo habitação foi o vilão do ano, com alta de 6,69%, puxado principalmente pela energia elétrica residencial, que subiu impressionantes 11,95%. Foi o impacto individual mais forte de todos os 377 produtos e serviços monitorados pelo IBGE.
Mas não foi só a eletricidade que mexeu no orçamento doméstico. Quando você saiu para almoçar fora, também sentiu no bolso: as refeições subiram 6,25%, e os lanches, 11,34%. O cafezinho da manhã ficou 41,84% mais caro. As carnes também deram uma apertada de 2,09%.
Por outro lado, houve alívios inesperados. O arroz, que chegou a assustar o consumidor no passado recente, caiu nada menos que 26,04% no acumulado do ano. O leite longa vida baixou 10,42%, e a batata-inglesa despencou 27,70%. São quedas que fazem diferença nas compras do mês.
Dezembro teve seus próprios vilões
No recorte específico de dezembro, quem pegou um voo sentiu o baque: as passagens aéreas dispararam 12,71%, o maior impacto isolado do mês. Foi período de festas, férias, 13º salário no bolso e muita gente viajando. O resultado não poderia ser diferente.
Os aplicativos de transporte também aproveitaram a alta demanda e subiram 9%. Até os combustíveis deram uma puxada de 0,26%, com o etanol avançando 1,7% e a gasolina 0,11%.
Curiosamente, a alimentação em casa continua dando trégua. Pelo sétimo mês consecutivo, comer em casa ficou mais barato. Tomate caiu 14,53%, leite longa vida baixou 5,37% e o arroz seguiu recuando 2,37%.
Juros altos foram o remédio amargo
Todo esse desenrolar da inflação explica por que o Banco Central manteve os juros lá em cima durante 2025. A taxa Selic chegou a 15% ao ano, o maior patamar desde julho de 2006. É uma medida dolorosa: juros altos freiam a economia, desestimulam investimentos e pesam no emprego.
Mas a lógica é simples: com crédito mais caro, as pessoas consomem menos, e a demanda por produtos e serviços diminui. Isso ajuda a segurar os preços. O problema é que também deixa o país mais lento, o que acaba afetando a vida de todo mundo, direta ou indiretamente.
O boletim Focus, que reúne as projeções do mercado financeiro, divulgado na segunda-feira, 22, estima que a inflação oficial do ano deve fechar em 4,33%. Um número muito próximo da prévia e, felizmente, dentro do tolerável.
O que esperar para 2026?
Com a inflação de volta aos trilhos, ainda que no limite, o cenário para o próximo ano fica um pouco menos nebuloso. Analistas projetam algo em torno de 4,2% para 2026, mas isso vai depender de muita coisa: mercado de trabalho, política fiscal, comportamento do câmbio.
Por enquanto, o que fica é que 2025 termina com um suspiro de alívio. Depois de meses tensos, em que os preços pareciam fugir do controle, a inflação conseguiu voltar para dentro dos limites. Não é motivo para grandes festas, mas certamente é melhor do que a alternativa.
O IPCA oficial de dezembro, que confirma ou não essa prévia, será divulgado apenas em 9 de janeiro de 2026. Até lá, o brasileiro faz o que sempre fez: ajusta o orçamento, torce para o melhor e segue em frente.
