Indústria recua em parte do país em setembro, enquanto construção civil avança moderadamente em outubro

A produção industrial brasileira registrou queda em setembro em 6 dos 15 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O recuo, divulgado nesta segunda-feira (11), reflete um cenário ainda marcado por incertezas no consumo e pela desaceleração de alguns segmentos essenciais, como bens intermediários e produtos de consumo durável. Já o setor da construção civil apresentou variação positiva de 0,27% em outubro, segundo o Índice Nacional da Construção Civil (INCC), indicando estabilidade após meses de altas moderadas nos custos de materiais e mão de obra.

De acordo com o levantamento da Pesquisa Industrial Mensal Regional, a queda mais intensa ocorreu no Pará, com recuo de 10,3%. O estado havia registrado um avanço significativo entre julho e agosto, mas devolveu parte dos ganhos no mês seguinte. Rio Grande do Sul (-5,5%) e Amazonas (-5,3%) também tiveram retrações importantes, influenciadas pela redução na produção metalúrgica e na indústria de bens duráveis. Em São Paulo, o maior parque fabril do país, a variação foi negativa em 0,1%, praticamente estável, mas ainda assim indicativa de um ritmo mais fraco.

Por outro lado, nove regiões apresentaram crescimento, como Pernambuco (5,8%) e Goiás (4,5%), favorecidos pelo desempenho do setor alimentício e da produção de biocombustíveis. Economistas consultados por veículos como G1 e CNN apontam que a indústria nacional segue operando sem uma tendência clara de retomada contínua. Entre os fatores que ainda pesam estão juros altos — apesar do ciclo de cortes da taxa Selic — e demanda interna lenta, especialmente no varejo.

Construção civil mantém ritmo lento, mas em alta

Em sentido contrário, o Índice Nacional da Construção Civil subiu 0,27% em outubro, após variação de 0,18% em setembro. O resultado é influenciado principalmente pelo aumento no custo da mão de obra, ainda pressionado por negociações salariais. O custo médio da construção passou a R$ 1.700,15 por metro quadrado.

Mesmo com a alta, o setor mantém uma trajetória de estabilidade. Empresas de engenharia e incorporadoras consultadas por jornais nacionais avaliam que a demanda por habitação permanece sustentada por programas públicos e financiamentos habitacionais, especialmente no Minha Casa, Minha Vida. Porém, o ritmo é desigual entre regiões e depende da capacidade de investimento de estados e municípios.

Perspectivas

Analistas veem um fim de ano marcado por cautela. A indústria deve continuar oscilando entre meses de crescimento e queda, ainda à espera de um ambiente de crédito mais favorável e da recuperação do consumo. Já a construção civil tende a manter pequenas variações positivas, sustentada pelo mercado imobiliário e por projetos de infraestrutura já contratados, embora sem fortes acelerações no curto prazo.