Homicídios no Brasil: queda na taxa esconde realidade de 45,7 mil mortes violentas em 2023

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Apesar da tendência de redução nos índices, número absoluto de vítimas fatais da violência permanece alarmante, expondo desafios persistentes na segurança pública nacional.

O Brasil observou uma nova queda na taxa de homicídios em 2023, consolidando uma tendência de redução que vem sendo registrada nos últimos anos. Entretanto, por trás das estatísticas percentuais, a violência letal continua a ceifar milhares de vidas: dados recentes, divulgados com base em levantamentos de segurança pública, indicam que 45,7 mil pessoas foram vítimas de mortes violentas intencionais (MVIs) no país ao longo do ano passado.

O dado faz parte do Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao governo federal, e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), uma organização sem fins lucrativos.

Esse número, embora represente um avanço em relação a picos anteriores, ainda situa o Brasil entre as nações mais violentas do mundo e expõe a complexidade do cenário da segurança pública nacional. Apesar de uma diminuição na taxa de homicídios por 100 mil habitantes – indicador crucial para comparações e análises de tendência –, o volume total de vidas perdidas permanece em um patamar inaceitável.

As mortes violentas intencionais (MVIs) englobam, geralmente, os crimes de homicídio doloso, latrocínio (roubo seguido de morte), lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais. Assim sendo, a cifra de 45,7 mil representa um mosaico de tragédias que impactam famílias, comunidades e a sociedade como um todo.

Contexto da Redução e Desafios Remanescentes

A redução na taxa de homicídios é frequentemente atribuída a uma combinação de fatores. Por um lado, políticas públicas focadas em áreas de maior criminalidade, investimentos em inteligência policial e ações de prevenção social em alguns estados podem ter contribuído para esse cenário. Além disso, mudanças demográficas e dinâmicas próprias de organizações criminosas também influenciam esses indicadores.

Contudo, a persistência de um número tão elevado de mortes revela desafios estruturais profundos. A desigualdade social, a falta de oportunidades para jovens, a circulação de armas de fogo e a dificuldade do Estado em controlar territórios dominados pelo crime organizado são elementos que continuam a alimentar a espiral de violência.

Adicionalmente, é fundamental analisar as disparidades regionais. Enquanto algumas unidades da federação apresentam quedas mais expressivas, outras podem ter registrado estabilidade ou até mesmo aumento nos índices de violência letal, demandando estratégias específicas e localizadas. Dados consolidados, como os do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e do Atlas da Violência (Ipea e FBSP), costumam detalhar essas nuances geográficas e o perfil das vítimas – majoritariamente homens jovens e negros.

Em suma, a notícia da queda na taxa de homicídios deve ser recebida com cautela. Embora represente um passo na direção certa, a realidade das 45,7 mil mortes violentas em 2023 serve como um doloroso lembrete do longo caminho que o Brasil ainda precisa percorrer para garantir o direito fundamental à vida e à segurança para todos os seus cidadãos. A análise aprofundada desses números e de suas causas é essencial para o aprimoramento das políticas de segurança pública e para a construção de uma sociedade menos violenta.