Game Over pra solidão! Por que os idosos estão virando mestres dos videogames?

Imagem Piclume AI

Se você acha que videogame é “coisa de menino”, talvez precise rever seus conceitos — e rápido, antes que sua avó te dê uma surra em Call of Duty. Isso mesmo: os controles estão cada vez mais nas mãos enrugadas de quem já viu fita cassete, TV com tubo e até o nascimento da internet discada.

De acordo com uma análise do The Guardian, mais de 57 milhões de americanos acima de 50 anos jogam videogame regularmente. É como se toda a população da Itália tivesse descoberto os encantos de jogar Mario Kart em plena aposentadoria.

Um joystick na terceira idade

O fenômeno não é novo, mas tem ganhado XP (pontos de experiência) nos últimos anos. Já existem streamers grisalhos com mais seguidores do que muitos tiktokers de vinte e poucos: a americana Michelle Statham, de 60 anos, soma mais de 110 mil seguidores no Twitch. E o “GrndpaGaming”, com 72 anos e uma barba digna de mago, já conquistou mais de 1,4 milhão de inscritos no YouTube detonando zumbis com uma habilidade que faria qualquer adolescente largar o controle de vergonha.

A pergunta que fica é: por que essa galera resolveu trocar o dominó pelo PlayStation?

Jogo sério: cérebro e coração

Não é só para passar o tempo. Diversos estudos, incluindo pesquisas da Universidade de Montreal e da NIA (Instituto Nacional do Envelhecimento, nos EUA), indicam que jogar videogame pode melhorar a memória, a atenção e até a estrutura cerebral dos mais velhos. Jogos como Super Mario 64 e Zelda exigem raciocínio espacial, planejamento e coordenação — tudo o que o cérebro mais precisa para continuar tinindo.

E tem mais: os jogos online com chat ao vivo, como Minecraft ou World of Warcraft, viraram verdadeiros clubes da terceira idade digital, onde se socializa, conversa e, claro, mata um ou dois monstros no processo. Solidão? Aqui não, jovem.

Desafios? Sim, mas nada que um bom tutorial não resolva

Claro que nem tudo são pixels brilhantes. A visão já não é a mesma, os dedos nem sempre obedecem, e decorar 18 botões pode ser uma missão mais difícil que zerar Dark Souls. Mas a indústria já está se mexendo: controles adaptados, letras maiores, IA que ajuda no jogo e até avatares idosos (ainda em falta, diga-se) estão começando a ganhar espaço.

Ah, e tem um detalhe importante: apenas 7% dos personagens com mais de 50 anos aparecem nos jogos mais vendidos, e a maioria é homem branco mal-humorado. Cadê as avós poderosas, as tias gamers, os vovôs dançarinos? Fica o apelo à indústria: diversidade não tem idade!

Game que cura

Mais que diversão, os videogames têm sido usados até em reabilitação física e cognitiva. Títulos que exigem movimento (como Wii Sports) ajudam na recuperação de mobilidade, equilíbrio e coordenação. Jogar virou parte do tratamento em muitas clínicas e lares de idosos.

E tem também um efeito curioso: jogos de carta digitais estão ensinando como não cair em golpes online. É ou não é o novo “passatempo inteligente”?

Continue jogando

Com o envelhecimento da população mundial e a chegada de gerações que cresceram com Atari, Super Nintendo e o famoso “sopra o cartucho pra funcionar”, a tendência é clara: os idosos gamers só vão aumentar. E isso é ótimo — não só para o bem-estar deles, mas para uma sociedade que precisa entender que velhice não é sinônimo de tédio.

Pelo contrário: ela pode ser muito divertida — com combos, conquistas e até vitória épica no final da fase.