Fertilidade em queda: EUA, China e Rússia enfrentam desafio populacional histórico

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O mundo está tendo menos filhos — e essa tendência não é nova. Segundo dados das Nações Unidas (UN DESA), a taxa global de fertilidade caiu de cerca de 5 filhos por mulher nos anos 1960 para apenas 2,2 em 2024. O ritmo de queda, porém, é mais intenso em algumas das maiores economias do planeta, como Estados Unidos, China e Rússia, que já estão abaixo do nível de reposição populacional.

O chamado “nível de substituição” — cerca de 2,1 filhos por mulher — representa a média necessária para que uma população se mantenha estável, sem crescer nem diminuir, desconsiderando migração. Abaixo desse índice, há tendência de envelhecimento populacional e redução da força de trabalho nas próximas décadas.

Estados Unidos: número mais baixo em décadas

Nos Estados Unidos, a taxa de fertilidade caiu para 1,6 filhos por mulher, o menor índice em mais de 40 anos, segundo o Pew Research Center. A mudança está ligada a fatores como adiamento da maternidade, custos elevados de moradia e educação e uma mudança cultural em relação à criação de filhos.

Especialistas afirmam que, embora a imigração alivie parte da queda populacional, o país tende a sentir impactos na previdência e no mercado de trabalho se a tendência continuar.

🇨🇳 China: de política do filho único ao risco demográfico

A China enfrenta um dos declínios mais acentuados. A taxa de fertilidade está em torno de 1,0 filho por mulher, um dos menores índices do mundo. Mesmo após o fim da política do filho único, em 2016, e de incentivos recentes à natalidade, o país não conseguiu reverter a tendência.

O resultado é uma população que encolhe pela primeira vez em seis décadas, com reflexos diretos na economia e nas aposentadorias. O envelhecimento rápido ameaça o crescimento industrial e aumenta a pressão sobre o sistema de saúde.

Rússia: crise demográfica e guerra

A Rússia também vive um cenário de queda acentuada, com 1,4 a 1,5 filhos por mulher. A combinação entre baixos índices de natalidade e aumento da mortalidade, especialmente após a pandemia e o conflito na Ucrânia, preocupa o governo russo.

Autoridades tentam incentivar famílias a terem mais filhos com benefícios financeiros, licenças estendidas e apoio habitacional, mas o impacto ainda é limitado.

Um futuro de menos nascimentos

A tendência global é clara: a fertilidade está em declínio em quase todos os continentes. A ONU estima que, até 2050, mais de dois terços da população mundial viverá em países com taxas abaixo do nível de reposição.

Isso significa que o crescimento populacional global deve desacelerar e, em muitos países, inverter-se — abrindo uma nova era marcada por populações mais velhas, mão de obra escassa e mudanças profundas nas economias e políticas sociais.

PaísTaxa de fertilidade (filhos por mulher)Situação em relação ao nível de substituição (2,1)
Índia2,0Levemente abaixo
China1,0Muito abaixo
Estados Unidos1,6Abaixo
Indonésia2,2Próxima da substituição
Paquistão3,3Acima
Nigéria5,1Muito acima
Brasil1,7Abaixo
Bangladesh2,0Abaixo
Rússia1,4Abaixo
México1,8Abaixo