O Senado instalou, nesta terça-feira (4), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado e elegeu o senador Fabiano Contarato (PT-ES) como presidente do colegiado. A escolha ocorreu após uma votação equilibrada: foram seis votos para Contarato e cinco para o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que assumiu a vice-presidência. O relator será Alessandro Vieira (MDB-SE), autor do pedido que originou a comissão.
A CPI terá prazo inicial de 120 dias para investigar a atuação de facções e milícias, incluindo estruturas de comando, financiamento, vínculos territoriais e possíveis conexões com agentes públicos. O objetivo do grupo é mapear a expansão dessas organizações no país e apontar propostas para aperfeiçoar políticas de segurança.
Disputa política e composição
A definição da presidência foi marcada por negociações intensas entre governo e oposição. Houve substituição de alguns senadores titulares antes da votação, movimento que garantiu maioria à base governista. Parlamentares da oposição criticaram a mudança e alegaram tentativa de “blindagem” de autoridades e setores envolvidos em investigações sobre milícias.
Já aliados do governo afirmaram que a comissão seguirá com independência, apontando o histórico de Contarato como delegado e defensor de políticas de segurança baseadas em investigação e inteligência.
Perfil do presidente da CPI
Fabiano Contarato é senador pelo Espírito Santo e atuou por quase três décadas como delegado, com experiência na Polícia Civil. Ao assumir o cargo, declarou que o trabalho da CPI não deve se limitar à análise de episódios pontuais, mas compreender a lógica de operação das facções.
Segundo ele, o crime organizado “corrói a confiança nas instituições” e precisa ser enfrentado com coordenação entre União, estados e municípios. Contarato afirmou ainda que a comissão trabalhará com foco técnico e transparência.
Desafios e próximos passos
Entre os principais desafios estão:
- Identificar lideranças e estruturas financeiras das organizações criminosas
- Avançar sobre áreas controladas por milícias e facções nas regiões metropolitanas
- Buscar integração entre dados de inteligência de diferentes esferas públicas
- Elaborar propostas legislativas de curto e médio prazo
Nos próximos dias, os integrantes da CPI deverão definir o plano de trabalho, incluindo lista de convocados, cronograma de audiências e visitas técnicas. Especialistas em segurança pública, representantes de ministérios, governadores e delegados de operações recentes devem estar entre os primeiros ouvidos.
