Todos nós já sentimos o peso de uma notícia ruim. A cada notificação, um lembrete do que está fora do nosso controle. Para muitos, o noticiário deixou de informar e passou a gerar ansiedade constante. Evitar as notícias tornou-se uma maneira de recuperar o próprio equilíbrio. Mas existe um limite: desligar-se demais pode afastar da realidade coletiva.
Um mundo saturado de informações
Nunca foi tão fácil acessar notícias, mas nunca foi tão difícil lidar com elas. Globalmente, cerca de quatro em cada dez pessoas afirmam que evitam notícias com alguma frequência, e o número é ainda maior em países como Estados Unidos e Reino Unido. Alguns preferem se afastar de forma consistente, enquanto outros limitam o contato para não se sentirem sobrecarregados. A motivação é clara: proteger a saúde mental em meio a um fluxo constante de informações negativas.
O peso emocional das manchetes
Guerra, violência, desastres naturais e crises políticas repetidas diariamente nas telas podem se tornar um fardo emocional. Para muitas pessoas, acompanhar o noticiário já não é mais sobre se manter informado, mas sobre enfrentar um turbilhão de ansiedade e impotência. O efeito se intensifica com o chamado doomscrolling, quando a pessoa rola páginas e feeds atrás de atualizações constantes, mesmo sabendo que elas provocam mal-estar.
O impacto na saúde mental
Psicólogos alertam que essa exposição constante aumenta sintomas de estresse, ansiedade e depressão. Há relatos de pessoas que acordam no meio da noite angustiadas com notícias que não conseguem controlar. Para alguns, como Mardette Burr, aposentada do Arizona, parar de assistir ao noticiário foi libertador: “Agora não sinto mais aquela ansiedade. Não sinto mais medo”, conta.
Encontrando equilíbrio
Evitar notícias não significa ignorar o mundo. Muitos adotam estratégias simples, mas eficazes: definir horários específicos para se informar, desativar notificações, ler apenas textos em vez de vídeos e escolher fontes confiáveis. A ideia é estar informado, mas sem que a informação se transforme em um peso diário. Cada escolha consciente ajuda a recuperar o senso de controle sobre a própria vida.
Riscos de se desconectar totalmente
No entanto, o distanciamento completo tem um custo. Desconectar-se demais pode reduzir o engajamento cívico e limitar a compreensão do que acontece ao redor, especialmente entre jovens, mulheres e grupos com menos acesso à educação ou renda. O desafio é encontrar um meio-termo: cuidar da saúde mental sem se isolar social e politicamente.
O desafio da era digital
A expansão das redes sociais transformou a forma como recebemos notícias. Hoje, conteúdos polarizados e emocionalmente carregados chegam com rapidez e frequência, exigindo mais atenção sobre como filtramos o que consumimos. A escolha de se informar conscientemente tornou-se uma ferramenta essencial para preservar a saúde emocional.
Evitar notícias não é fuga, mas autoproteção. O segredo está no equilíbrio: consumir informações de forma consciente, limitar a exposição a conteúdos negativos e decidir quando e como se atualizar. Assim, é possível estar presente no mundo, sem sacrificar a própria paz interior.
